De acordo com um estudo recentemente efectuado pela Mintel, denominado Underwear Retailing in the UK, as empresas que melhor acompanharem as tendências de moda e consumo no segmento do vestuário exterior e adaptarem os seus artigos de roupa interior em conformidade sairão como os grandes vencedores dos desafios que se avizinham no referido mercado.
Segundo o relatório em causa, no Reino Unido, entre 1998 e 2004, as vendas a retalho de soutiens e cuecas de senhora cresceram 34%, para os 1,14 mil milhões de libras, enquanto as vendas de vestuário interior masculino aumentaram apenas 10%, para os 756 milhões de libras e as vendas de roupa de dormir cresceram 13%, fixando-se nos 426 milhões de libras. A chamada fast fashion revela-se assim tão importante no sector da lingerie, como no do vestuário exterior, e representa um desafio para as grandes marcas e fabricantes, que normalmente possuem cadeias de produção e distribuição menos flexíveis. Neste sentido, os retalhistas exigem cada vez mais novidades, a par da capacidade de produzir as peças mais vendidas, ao longo da mesma estação. No entanto, continua a verificar-se a necessidade de um equilíbrio de continuidade nas linhas de produtos que podem ser repetidas em cada estação, assegurando a disponibilidade das mesmas, pois um dos grandes riscos deste tipo de moda é uma maior exposição às volatilidade próprias deste mercado, que pode provocar excessos de stocks. A importância do impacto da dita fast fashion é visível nas próprias estratégias de compra dos retalhistas, e muitas empresas estão cada vez mais a adoptar um modelo de compras misto, dividido entre os fornecedores mais próximos e outros mais distantes em termos geográficos. Embora os reais efeitos do recente levantamento das quotas, a 1 de Janeiro passado, sejam ainda desconhecidos, o comércio antevê algumas vantagens no que toca às respectivas margens de lucro, mais do que em termos de redução dos preços ao nível do retalho. Ainda de acordo com o estudo da Mintel, os consumidores masculinos mostram-se cada vez mais interessados em comprar peças de underwear. Este aspecto é visível no decréscimo das percentagens de vendas (de 14% para 12% entre 1998 e 2004) e no número de indivíduos que afirma não ter efectuado qualquer compra nos últimos 12 meses (de 16% para 12%), o que mostra uma clara oportunidade para os retalhistas deste sector. Os retalhistas que se revelam mais eficazes a levar cada vez mais consumidores a comprar artigos como meias e cuecas são a George, na cadeia Asda e a Tesco. Estes retalhistas britânicos têm vindo a ganhar crescentemente terreno no mercado, face aos retalhistas mais tradicionais e à grande variedade de lojas multimarca daquele país. Por outro lado, os consumidores do Reino Unido valorizam cada vez mais o valor pago por cada produto comprado, decidindo ponderadamente onde adquirir a sua roupa interior, percentagem que atinge os 57%, de acordo com esta pesquisa da Mintel. O segundo factor mais importante é a disponibilidade das peças no seu tamanho e medida, aspecto que se revela particularmente importante entre as mulheres. Entre estas, mais de um terço afirma preferir as lojas onde confiem na qualidade das peças, enquanto aspectos como o ambiente do estabelecimento e os seus serviços ficaram abaixo dos 20% entre as respostas obtidas junto dos consumidores inquiridos no estudo em análise. No que toca ao futuro deste segmento de mercado, embora a Internet seja ainda um canal com índices de venda extremamente baixos, o seu crescimento tem sido fenomenal no Reino Unido, e a Mintel acredita que este meio de distribuição e venda de roupa interior será cada vez mais popular. Em termos gerais, conclui a Mintel, o referido segmento será cada vez mais competitivo e agressivo, com as marcas, fabricantes e retalhistas a disputarem as preferências dos consumidores britânicos.