Há muito que o ser humano tem o hábito de converter os produtos utilitários em decorativos e, como seria de esperar, acontecer o mesmo com as máscaras tornou-se inevitável nesta nova realidade e, cada vez mais, estes equipamentos de proteção contra a pandemia têm-se transformado em acessórios de moda. Atualmente, empresas como a J.Crew e a Gap estão a vender máscaras, assim como vários designer estão a vendê-las na plataforma de comércio eletrónico Etsy.
Mas como acontece na indústria em geral, onde a moda está presente, surge também o potencial para a criação de se um segmento de luxo. No mercado das máscaras apareceu um segmento de alta qualidade com um preço por equipamento mais elevado, tendo em conta que são concebidos por designers e têm os estilos mais procurados que são comercializados em websites premium de revenda.
Alguns designers, que por norma trabalham na produção de coleções para as passerelles, têm juntados as máscaras ao leque de produtos que disponibilizam. Exemplo disso é a Collina Strada ter à venda máscaras «deslumbrantes», que se atam com laços e são decoradas com padrões brilhantes, por um preço de 100 dólares, o equivalente a cerca de 88 euros. As máscaras da marca Proenza Schouler, que têm exatamente o mesmo preço que as da Collina Strada, são compostas por vários materiais, entre eles uma mistura de viscose e seda e um estampado vichy de algodão e poliamida. Os equipamentos de proteção, e ao mesmo tempo acessórios de moda, de ambas as marcas estão, neste momento, esgotadas. Já numa linha um pouco mais acessível face às anteriores estão as máscaras com um custo de 55 dólares do designer Prabal Gurung, que são feitas a partir de um tecido jacquard floral. Já a marca Erdem oferece máscaras de 65 dólares, compostas por um tecido italiano de algodão estampado.
Em qualquer destes casos, as marcas produziram um número limitado de máscaras, cuja parte ou totalidade do lucro das vendas foi aplicada nos esforços de assistência perante o Covid-19 ou até mesmo noutras causas.
Diferentes propósitos
A Off-White, marca criada por Virgil Abloh, também diretor criativo da linha masculina da Louis Vuitton, é talvez a marca com as máscaras mais populares do mundo da moda. Em abril, a plataforma de pesquisa de moda Lyst classificou uma máscara de 95 dólares da Off-White, com umas setas diagonais estampadas em cruz, como o produto mais tendência desse trimestre, nomeado com base nas vendas das lojas online e em aspetos como o número de pesquisas no motor de busca.
Ao contrário de muitas outras marcas, não é a primeira vez que a Off-White lança uma linha de máscaras, visto que já o costuma fazer para os clientes da Ásia, onde o uso da máscara é comum devido aos elevados níveis de poluição. A Bathing Ape também comercializava previamente estes acessórios de streetwear.
Segundo a Lyst, alguns rappers como Travis Scott e Future já usavam máscaras da Off-White desde 2016. No entanto, a pandemia alterou o propósito de utilização destes equipamentos e gerou uma onda de interesse maior também devido ao uso obrigatório. Por consequência, e ainda de acordo com informações da Lyst, a procura por máscaras de moda aumentaram 496% nesse mesmo trimestre, com os compradores a pesquisarem marcas como a Fendi e a Marcelo Burlon.
Procura crescente
No StockX, marketplace de revenda de sapatilhas e vestuário casual, as máscaras são uma categoria em ascensão. Nos primeiros meses depois do confinamento em março nos EUA, as vendas das máscaras triplicaram, revela Jesse Einhorn, economista sénior do StockX, que destaca ainda o aumento dos preços.
O aumento dos preços rege-se pela lei da procura e da oferta, que está frequentemente a impulsionar os preços de revenda das icónicas bolsas da Hermès. «Para a maioria dos produtos mais desejados na nossa plataforma, a procura geralmente ultrapassa a oferta e, à medida que esse desequilíbrio aumenta, os preços de revenda também», afirma Einhorn.