Marrocos quer mais têxtil para crescer no vestuário

A AMITH, a associação da indústria têxtil e vestuário de Marrocos, está a avançar com um programa estratégico para desenvolver ligações a montante para a indústria de vestuário do país, com o objetivo de atrair mais negócio numa altura em que as marcas europeias e americanas ponderam recorrer mais ao sourcing de proximidade.

O objetivo do programa “Têxtil 2035 – Uma visão, convicções” da indústria marroquina de vestuário é impulsionar as exportações de têxteis e vestuário do país, que, de acordo com a iniciativa, são realizadas por 1.628 empresas que empregam 189 mil pessoas, tendo atingido 36,5 mil milhões de dirham (cerca de 3,3 mil milhões de euros) em 2019.

Mohammed Boubouth, presidente da AMITH – Association Marocaine des Industries du Textile et de l’Habillement, afirma ao Just Style que a indústria está a responder à forma como as marcas internacionais estão a deixar de confiar em países de sourcing no extremo oriente, como a China, com os compradores europeus a procurarem sobretudo produtores na região do Mediterrâneo, que antecipa que trará investimentos assim como vendas. «Marrocos tem boas qualificações no que diz respeito a funcionários competentes assim como fábricas bem equipadas no sector têxtil, especialmente na confeção», salienta Mohammed Boubouth.

A associação quer associar os produtos têxteis e de vestuário de Marrocos ao slogan “Dayem Morocco”, ligado a qualidade e sustentabilidade.

Uma das fraquezas, contudo, de acordo com o presidente da AMITH, é que Marrocos tem «falta de produção de têxteis, que é razão pela qual esta estratégia sugere que todos os investidores, marroquinos ou estrangeiros, devem investir e estabelecer fábricas têxteis em Marrocos».

Para encorajar este tipo de investimento, a estratégia da associação pretende aumentar a flexibilidade, inovação, qualidade e responsabilidade ambiental da indústria têxtil e vestuário. Caso isso aconteça, e o investimento surja como a AMITH espera, a associação prevê que, em 2035, a indústria têxtil e vestuário do país vá gerar 60 mil milhões de dirham em exportações anualmente, aumentando as exportações marroquinas especialmente para a América do Norte e para a Europa.

Ao aprofundar as ligações a montante, a estratégia Dayem Morocco pretende aumentar a taxa média de valor gerado em Marrocos num produto têxtil e vestuário de 35% para 60% até 2035.

Economia circular no centro

Um elemento central desta estratégia é aumentar a quantidade de técnicas de economia circular na indústria têxtil e vestuário de Marrocos, ao mesmo tempo que mantém os custos baixos e a eficiência. A indústria quer continuar a responder às necessidades do mercado atual, sem comprometer a capacidade de gerações futuras responderem aos padrões que serão exigidos nas próximas décadas. Como resultado, a escola Casa Moda Academy, sediada em Casablanca, recebeu bem o compromisso do programa de financiar formação para o sector. Gerida pela AMITH, a escola está a oferecer vários programas que abrangem confeção e design de vestuário e planeia desenvolver cursos de merchandising para criar mais agentes comerciais especialistas para moda.

Mohammed Boubouth

O presidente da AMITH considera que a Dayem Morocco pode igualmente ajudar a indústria a desenvolver as vendas no mercado doméstico, assim como a criar mais marcas marroquinas que oferecem uma vasta gama de produtos criativos.

Mohammed Boubouth indica ainda que o governo apoia a estratégia, nomeadamente através do Ministério da Indústria e do Comércio. Um apoio particularmente bem recebido tendo em conta que a indústria vai precisar de apoio financeiro à medida que cresce, sobretudo tendo em conta os elevados custos energéticos e a necessidade de capitais iniciais altos. O governo está «a fazer um grande esforço para apoiar o programa», garante o presidente da AMITH, que revela que pediu ainda ao governo para ser proativo a estabelecer acordos de comércio livre que eliminem ou reduzam impostos, já que os mesmos podem impedir o acesso a «mercados e prosperidade», concluiu.