A concorrência entre a China e Marrocos, como fornecedores de produtos de vestuário para a UE, registou um novo desenvolvimento com o anúncio do encerramento das empresas de vestuário da britânica Dewhirst. Como principal fornecedor de vestuário para a Marks & Spencer, as sete unidades industriais que a Dewhirst possui em Marrocos empregam 10.000 pessoas.
A primeira unidade a encerrar, durante o corrente ano, encontra-se localizada em Casablanca e emprega 1.500 trabalhadores. A Indústria Têxtil e de Vestuário marroquina conta com mais de 190.000 trabalhadores directos e quase o dobro deste valor em postos de trabalho indirectos. O encerramento da Dewhirst representa o mais significativo encerramento de operações que ocorreu em Marrocos, um país em que os têxteis e o vestuário representam 30% das exportações. Diversas empresas têxteis estrangeiras estabeleceram unidades industriais em Marrocos. Devido à proximidade geográfica em relação ao mercado europeu, várias empresas sedeadas em Espanha, Reino Unido, França e Itália procuram em Marrocos as vantagens dos menores custos de mão-de-obra. No entanto, devido aos recentes aumentos salariais e elevados custos energéticos (Marrocos importa a quase totalidade da energia que consome), a indústria local perdeu competitividade. Actualmente, os salários em Marrocos são quatro vezes superiores aos registados na China, onde o número de horas de trabalho é muito superior (ver notícia no PT). Face a esta realidade, as exportações marroquinas de vestuário registaram uma quebra de 17% durante o primeiro trimestre do ano. De acordo com alguns analistas, a indústria local possui uma responsabilidade inegável nesta situação, na medida em que falhou no desenvolvimento da componente de design e no apoio aos estilistas locais.