Marcas querem futuro mais saudável

A investigação e desenvolvimento de materiais tem sido um dos aspetos fundamentais para as marcas ao longo do tempo, um prisma agora ainda mais evidenciado com a pandemia. Um futuro saudável a vários níveis, seja em higiene ou sustentabilidade, passou a ser um objetivo comum na indústria da moda

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A corrida por materiais sustentáveis acelerou e prova disso são as inovações que têm vindo a ser realizadas pelas marcas no mundo da moda, como o couro à base de cogumelos ou têxteis de alta tecnologia.

«No final de contas, toda a gente quer o Santo Graal: um material renovável, compostável, de alta performance, agradável e arato», afirma Suzanne Lee, CEO da Biofabricate ao Sourcing Journal.

Considerando que 70% da pegada de carbono da indústria está no fabrico e processamento de matérias-primas, a investigação e desenvolvimento assume um papel mais premente com os players da indústria de moda a estabelecer parcerias exclusivas para criar tecidos menos nocivos e formas mais inovadoras de os transformar em produtos funcionais e com formas mais ecológicas de descartar, uma realidade à qual o consumidor se tem mostrado recetivo.

A atitude positiva em relação a este caminho mais sustentável, que está não só a estimular a inovação e o desenvolvimento de novos materiais mas também a reciclagem dos que já existem. «Este ano, os produtos e as soluções circulares estiveram no centro das atenções como o mais recente avanço nas metas de sustentabilidade», considera Eddie Ingle, CEO da Unifi, cujos programas de retoma dos têxteis criaram soluções de economia circular que reciclam resíduos têxteis até serem artigos de qualidade para serem decompostos e reciclados novamente.

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Também nesta vertente, a empresa de vestuário exterior Vaude recorre a um processo de reciclagem molecular recém-implementado para absorver resíduos de pneus como matéria-prima para conceber roupas duráveis para os espaços exteriores. «[Isto abre] o caminho para uma cadeia têxtil circular que usa biossintéticos e novas tecnologias de reciclagem molecular para reduzir a nossa dependência de recursos fósseis e mudar para carbono renovável», salienta Renee Bethmann, diretor de inovação da Vaude.

A própria pandemia veio sensibilizar os consumidores para o bem-estar, uma vez que aquilo que se veste pode impactar na saúde. Desta forma, as empresas têxteis desenvolveram produtos que repelem vírus e bactérias com tecnologia Net Zero PPE ou tecnologia antimicrobiana, esta última com o benefício extra de exigir menos lavagens. «Explorar as possibilidades ilimitadas de higiene permanente e melhorar proativamente a saúde e segurança do público está no centro da missão da Livinguard», revela Sanjeev Swamy, fundador e CEO da empresa de biotecnologia, cuja invenção patenteada criou uma nova categoria de têxteis autodesinfetantes em que o tecido mata bactérias em contacto, além de ser lavável e reutilizável.

Para lá da moda

Todas estas inovações já deram provas que vão muito além da moda e servem agora outros sectores, como a hotelaria,a graças ao tecido antimicrobiano, máscaras e luvas e até mesmo uniformes que podem ser transversais a vários negócios, como a restauração no caso dos aventais.

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Com a pandemia sem data para dizer adeus, as empresas puseram de lado o fator exclusividade, que foi sobreposto pela partilha de descobertas por um bem maior. «Sentimos que era importante partilhar com a indústria o que aprendemos e o que criamos», indica Patrice Louvet, CEO e presidente da Ralph Lauren, que está focada em revolucionar a forma como a indústria de moda tinge o algodão. «A nossa esperança e expectativa é que vamos ver uma ampla adoção, de modo que todos juntos como uma indústria possamos transformar a gestão da água onde quer que operemos. E que isso também sirva como um catalisador para mais inovações como esta, que impactem positivamente tanto a nossa indústria como o planeta», esclarece.