Marcas de luxo fazem fila

Não é de espantar que as marcas de luxo como a Prada estejam a fazer fila para entrarem na Bolsa de Valores de Hong Kong. A oferta pública inicial (IPO na sigla em inglês) de 35 milhões de dólares (24,88 milhões de euros) da Milan Station, uma retalhista de carteiras em segunda-mão, foi 2.000 vezes mais procurada em Hong Kong, estabelecendo um novo recorde. No entanto podem estar a ser esquecidos os riscos que surgem com o luxo, como os impostos, a contrafacção e a mudança de gostos. A moda de gama alta tornou-se um tema de investimento muito falado. O consumo médio em marcas de design dos residentes de Hong Kong tem aumentado 18% por ano nos últimos cinco anos, segundo a consultora britânica Synovate. Os visitantes, a maior parte da China continental, contribuíram com cerca de 35 mil milhões de dólares no consumo total do retalho em Hong Kong em 2009, segundo o governo local. A Milan Station é apenas o início. Prada, Jimmy Choo e Samsonite, todas planeiam entrar em Hong Kong para aumentar a notoriedade da marca na China. O lucro com a avaliação é uma atracção. A Milan Station, por exemplo, foi avaliada 20 vezes mais do que o seu lucro em 2010, semelhante ao que acontece com as actuais marcas mais bem estabelecidas, como a LVMH e a Coach. A China pode tornar-se o maior mercado de luxo em 2015, como prevê a Mckinsey. Mas lucrar com isso pode ser difícil. Os impostos na China continental continuam altos, deixando os preços de Hong Kong para produtos de design 20% abaixo do que do outro lado da fronteira, segundo a Bain&Co. Apenas 40% das compras de luxo dos chineses têm realmente lugar na China, segundo estima o China Market Research Group. Falsificações descontroladas são um risco comum. Mas a maior incerteza pode ser o que irá acontecer à medida que os consumidores chineses ficam mais ricos. Há medida que se tornam mais confiantes sobre os seus gostos, podem ser menos atraídos pelas grandes marcas. O consumo ostensivo pode sair de moda, como aconteceu no Japão. Além disso, não há garantia de que os vencedores de hoje sejam os de amanhã. Os produtores chineses já lideram no álcool de gama alta e é provável que consigam quotas de mercado em segmentos como joalharia, segundo a KPMG. Os gostos mudam e a dominância do ocidente das marcas de luxo não é imutável. A oferta pública inicial da casa de moda italiana Prada deverá ser lançada em 13 de Junho, com o início das transacções marcado para 23 de Junho, segundo o Apple Daily de Hong Kong. A Coach, a Jimmy Choo e a Samsonite estão também alegadamente a tentar entrar na Bolsa de Valores de Hong Kong.