A edição mais longa do Portugal Fashion, com quatro dias, foi correspondida pelo público: milhares de pessoas passaram pela Alfândega do Porto para ver desfilar nas passerelles a moda dos criadores nacionais para a Primavera-Verão do próximo ano, assim como para assistir in loco às apresentações de jovens promessas no Espaço Bloom, aos concertos de música e às várias festas, numa interacção com a cidade sem precedentes. Os regressos de Katty Xiomara e de Miguel Vieira marcaram o primeiro dia de desfiles, onde não faltou também a presença incontornável da sensualidade dos coordenados propostos pela dupla Alves/Gonçalves e da feminilidade e segurança da mulher Ana Salazar. Depois das propostas arrojadas dos jovens criadores Fernando Lopes, Luciana Teixeira, Andreia Filipa Oliveira, Hugo Veiga, Cristina Silva e Carina Duarte, esta última vencedora do “Projecto Moda”, o concurso de designers promovido pela RTP, a sexta-feira ficou marcada pelas “Confidências” de Anabela Baldaque e pelos “Bestsellers” dos Storytailors. «Recorremos a várias peças que se tornaram best-sellers como os jeans, t-shirts, blazers. Quisemos mostrar que o que se vende não tem de ser aborrecido», revelou Luís Sanches, um dos criadores da dupla Storytailors. «No fundo, quisemos mostrar as características que fizeram dessas peças best-sellers», completou João Branco, o outro storytailor. A nova coqueluche nacional, Felipe Oliveira Baptista, também responsável pela direcção criativa da Lacoste, subiu igualmente à passerelle do Portugal Fashion e recebeu uma ovação intensa por parte do púbico presente, após o desfile da colecção “Polymorphos”, inspirada no mundo da dança, da ópera e das strippers, com uma fusão de estilos e uma profusão de tecidos distintos, num efeito de “faux real”, com os vestidos e sapatos originais a concentrarem todas as atenções e a anunciar, assim, dois “must-haves” a incluir no guarda-roupa da próxima estação quente. O dia encerrou com uma colecção completa de Luís Buchinho, em pleno pico criativo, num espírito citadino, casual, descontraído, com malhas tricotadas e materiais agradáveis ao tacto e fáceis de usar. «As pessoas tiveram uma reacção maravilhosa. Estou muito contente com a colecção. Cheguei ao Portugal Fashion com uma sensação muito boa e não podia ter corrido melhor», revelou o criador visivelmente satisfeito. Diogo Miranda abriu o terceiro dia de Portugal Fashion, numa colecção onde as cores, inspiradas num dia de piscina com os amigos brilharam em todo o seu esplendor. Uma colecção arrojada em termos de tons, com rosas vivos, azuis turquesa e vermelhos a lembrarem um dia pleno de Primavera. Já Elisabeth Teixeira trouxe a lingerie para o exterior, numa colecção romântica com uso de rendas e cetins para uma mulher despida de preconceitos e segura de si. A existir um prémio de originalidade de styling e apresentação, este teria de ser atribuído à TMcollection by Teresa Martins, onde o bailarino Benvindo da Fonseca teve um papel fulcral para imbuir do espírito “Vegetal” o desfile da marca, num bailado ao som dos Queen. Houve ainda espaço para a apresentação das propostas de Luís Onofre, sob o leitmotiv “Identity”, onde a classe das sandálias e o conforto das sabrinas e mocassins se combinaram com a linha de malas de viagem, na «colecção mais feminina que fiz até hoje», como sublinhou o criador. As dunas e “Ondulação” de Fátima Lopes encerraram o programa de desfiles de sábado, onde os tons nude em vestidos curtos com sobreposição de materiais e os jogo de transparências agradaram ao público presente, incluindo à Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, que considerou esta uma colecção «muito sofisticada». As marcas tiveram igualmente lugar na passerelle, onde foram reveladas as propostas da Lion of Porches, Red Oak, Vicri Porto e Dielmar no sábado e Concreto, Dom Colletto e Latina, no desfile Colectivo da Indústria no domingo, assim como as propostas em joalharia e calçado, este último com as marcas Atelier do Sapato, Dkode, Chocolate Negro, Fly London, Goldmud e Nobrand. Por fim, Carlos Gil e a sua colecção inspirada na África dos anos 60/70 encerraram esta edição do Portugal Fashion, a mais concorrida de sempre. «Por ser o 15.º aniversário quisemos aumentar o número de dias, com quatro dias de desfiles e há muito tempo que não tínhamos um naipe de nomes tão fortes, quer em nomes consagrados quer em jovens criadores», revelou Francisco Balsemão, presidente da Anje, que organiza, em parceria com outras associações, o Portugal Fashion. «Ao mesmo tempo, tentámos também criar uma animação paralela, mesmo para quem não tem acesso à sala de desfiles», acrescentou. E os resultados não podiam ser melhores: «tivemos uma excelente adesão do público», concluiu Balsemão.