A iniciativa, promovida pela APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos e pela AICEP em parceria com a ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção, AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, CENIT – Centro de Inteligência Têxtil e PortugalFoods, terá um showcase com as mais recentes inovações do têxtil, vestuário, calçado e joalharia nas áreas da sustentabilidade e economia circular.
Entre as marcas e empresas presentes conta-se a Elementum, cujos designs estão assentes no princípio do desperdício zero, a Nazareth, que além do aspeto ambiental, está empenhada também em práticas de negócio sustentáveis tanto para os clientes como para funcionários e parceiros, as marcas Play Up e Snug, ambas dedicadas ao universo infantil e com um foco na sustentabilidade dos materiais e durabilidade dos seus produtos, a Daily Day, centrada na moda intemporal e de qualidade, e a Vandoma, que tem dado nova vida a amostras de tecidos e gravatas de coleções anteriores, transformando-as em novos produtos, como toucas para profissionais nas áreas da saúde e bem-estar.

Um mercado voltado para a sustentabilidade
Conceitos que se alinham com a mentalidade do consumidor sueco, segundo Carlos Moura, responsável do AICEP em Estocolmo. «A sustentabilidade faz parte do quotidiano sueco, em todas as áreas, em todos os momentos. Hoje em dia na Suécia já se assume a sustentabilidade como um fator natural integrado em qualquer atividade», refere Carlos Moura, acrescentando que, por isso, «sendo Portugal um grande produtor para o mercado sueco de um modo sustentável, as portas suecas ainda se abrem mais».
Para o responsável da AICEP, em sectores «como a moda, a fileira casa, os produtos alimentares e vinho, passando pelos serviços, Portugal apresenta-se como parceiro natural para as empresas e consumidores suecos. Portugal está bem posicionado neste campo». Além disso, «nos últimos anos, o centro da produção começou a deixar de ser o Oriente para voltar às produções europeias. A pandemia e a guerra na Ucrânia vieram acentuar esta tendência, assumindo-se Portugal como um mercado natural neste sector», até porque «a moda portuguesa tem para oferecer à Suécia uma produção sustentável, local e baseada no talento», resume Carlos Moura.
Tornar a moda nacional numa referência
Uma ideia igualmente vincada pelos responsáveis máximos das associações envolvidas neste Showcase Portugal. «O ecossistema do têxtil e do vestuário em Portugal é único: reunimos todas as vertentes da cadeia de abastecimento. Somos o exemplo real de fornecimento por proximidade, desde a fiação à distribuição da peça pronta», indica César Araújo, presidente da ANIVEC.

«Portugal tem o maior cluster têxtil da Europa», sublinha Mário Jorge Machado, presidente da ATP, acrescentando que «sustentabilidade é eficiência na utilização de recursos, otimização de processos, redução de desperdícios, aposta nas energias renováveis e limpas, mas também responsabilidade e ética social, práticas fortemente implantadas nas empresas portuguesas do sector têxtil e vestuário».
Para o presidente da APICCAPS, Luís Onofre, «o saber-fazer acumulado pelo sector ao longo de gerações, associado a grandes investimentos na área tecnológica, fazem de Portugal um player de referência a nível internacional. Produzimos excelente calçado, a um preço justo», realça.
Know-how e responsabilidade social que se expandem igualmente ao sector da joalharia. «A herança secular de gerações dedicadas à arte da ourivesaria, à manufatura, à atenção e ao detalhe diferenciam a joalharia portuguesa», considera Fátima Santos, secretária-geral da AORP, que destaca ainda que o sector alia «a técnica à inovação, a manufatura à tecnologia, com incorporação de boas práticas de sustentabilidade – algumas intrínsecas à atividade, como a redução do desperdício, a reciclagem de matérias-primas e a aposta na qualidade e no ciclo longo dos produtos, numa apologia aos princípios do slow fashion».
Investimento superior a 200 milhões de euros
Para além da exposição de produtos dos diferentes sectores, o evento conta com uma mesa-redonda moderada por Catarina Midby, ex-secretária-geral da Swedish Fashion Association e ex-diretora de sustentabilidade na H&M UK, onde participarão Ana Tavares, coordenadora da agenda estratégica para a sustentabilidade e economia circular do CITEVE, Fátima Santos, secretária-geral da AORP, e Maria José Ferreira, em representação do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal.
As indústrias têxtil, vestuário, calçado e joalharia agregam mais de 10 mil empresas em Portugal, onde são responsáveis por 150 mil postos de trabalho e por exportações anuais superiores a 7 mil milhões de euros. De acordo com o comunicado da APICCAPS sobre o Showcase Portugal, «o país quer agora ser uma grande referência internacional ao nível do desenvolvimento de soluções sustentáveis. Para isso, investirá, em conjunto, mais de 200 milhões de euros nos três próximos anos».
Além desta iniciativa, estes sectores têm feito ações de apresentação internacionais em conjunto, nomeadamente em Paris.