A conclusão é do mais recente estudo da Bain & Company com a Altagamma, a associação italiana de produtores de bens de luxo. Os gastos em experiências, em particular, recuperaram para máximos históricos, alimentados pelo ressurgimento das interações sociais e das viagens.
Apesar das dificuldades impostas pelas atuais condições macroeconómicas, o mercado registou um crescimento entre 11% e 13%, a taxas de câmbio constantes, o que é consistente com a taxa de crescimento do ano passado e traduz-se num aumento de aproximadamente 160 mil milhões de euros no consumo em categorias de luxo, descreve a Bain & Company.
O segmento principal, composto por bens de luxo pessoais, registou um crescimento contínuo em 2023 e deverá atingir 362 mil milhões de euros até ao final do ano, o que representa mais 4% às taxas de câmbio atuais face a 2022.
No entanto, os fatores adversos continuam no quarto trimestre, incluindo a frágil confiança dos consumidores, as tensões macroeconómicas na China e os escassos sinais de recuperação nos EUA. O estudo sugere uma diminuição do desempenho dos bens de luxo pessoais em 2024, que deverá registar um crescimento de um dígito baixo a médio, tendo em conta os cenários atuais.
«Este é um momento decisivo para as marcas e os vencedores vão distinguir-se pela a resiliência, relevância e renovação – os princípios básicos da nova equação do luxo centrado no valor», afirma Claudia D’Arpizio, sócia da Bain & Company, responsável pela área de bens de luxo e moda e autora principal do estudo.
«O mercado está preparado para um crescimento a longo prazo, assente em fundamentos sólidos», acrescenta Federica Levato , sócia da Bain & Company, responsável pela área de bens de luxo e moda na região EMEA e coautora do estudo. «Capturar e ampliar o potencial do mercado será fundamental, uma vez que a clara convergência entre os mercados de luxo permite uma maior expansão. Os intervenientes têm a oportunidade, mas também a responsabilidade, de reforçar o seu significado, ao mesmo tempo que aproveitam as fusões e aquisições estratégicas para redefinir as fronteiras da indústria. Esses serão os motores fundamentais para o crescimento no futuro», acredita.
Europa beneficia do turismo
O estudo mostra que as compras mundiais de luxo realizadas por turistas quase atingiram os níveis anteriores à pandemia, permanecendo um potencial inexplorado em muitas áreas. A Europa tem usufruído de uma recuperação progressiva do turismo, que está a impulsionar o crescimento em todos os países, com resorts distantes a atraírem consumidores que gastam muito, o mesmo acontecendo com as principais cidades de luxo. Apesar dos consumidores aspiracionais locais terem sido afetados pela instabilidade macroeconómica, os grupos estáveis de clientes de topo mantiveram uma dinâmica positiva, contribuindo para o crescimento do mercado.
A Arábia Saudita está a acelerar, atraindo investimentos de grandes marcas de luxo, enquanto a Austrália tem-se mostrado um terreno fértil para o crescimento.
A China Continental registou um forte desempenho após a reabertura do primeiro trimestre, mas abrandou progressivamente à medida que surgiram novas questões macroeconómicas. O Japão está em expansão, graças aos consumidores locais e à desvalorização do iene, que favorece os fluxos turísticos. Por outro lado, a Coreia do Sul está a ter um ano desafiante, com ventos macroeconómicos desfavoráveis que impactam o consumo local e uma moeda forte que leva os turistas a comprar noutros locais. Os países do Sudeste Asiático registaram uma dinâmica positiva, graças ao forte turismo intrarregional e ao crescente interesse dos consumidores locais, especialmente na Tailândia.
Crescimento até 2030
Nas projeções para 2030, a Bain & Company refere que o mercado tem bases sólidas para continuar a crescer, mas não sem alguns percalços pelo caminho. Os clientes chineses deverão representar 35% a 40% do mercado de bens de luxo pessoais, enquanto os europeus e os americanos representarão, em conjunto, 40%.
«Neste contexto, as marcas terão de se concentrar em fornecer diferenciação e experiências significativas ao longo de toda a jornada do consumidor, independentemente do ponto de contacto de interação», aponta a consultora, que acrescenta a probabilidade de uma nova onda de fusões e aquisições, «impulsionada pela necessidade de enfrentar os principais desafios da indústria. Liderar a sustentabilidade e abraçar a tecnologia será fundamental».
No que diz respeito à cadeia de aprovisionamento, «as marcas devem incutir capacidade de resposta e adaptabilidade como princípios orientadores nas suas operações. Isto envolve a introdução de flexibilidade na estrutura empresarial e a otimização da governança e dos processos para eficiência», conclui a Bain & Company.