Luxo alemão: um negócio da China

Apesar da conjuntura adversa, a marca alemã Hugo Boss conseguiu defender a sua posição no ano passado. Com efeito, os resultados líquidos aumentaram dez por cento, atingindo os 82,4 milhões de euros. Estes bons resultados foram nomeadamente obtidos graças aos negócios efectuados na China. «Para nós, a China é um mercado em pleno crescimento», declara Phillip Wolff, director de marketing da Hugo Boss. «Temos ainda muito que conquistar, mas os chineses já adoram os nossos produtos. A longo prazo, vamos certamente ter um êxito extraordinário neste país».

 

Mas o desenvolvimento da marca alemã na China é já uma história de sucesso. Em 1994, abriu a primeira loja Boss em Shanghai, a cidade mais oriental na Républica Popular da China. Neste momento, existem 50 filiais em várias metrópoles chinesas. Durante 2004, a Hugo Boss vai inaugurar mais cinco novas filiais e, dentro de cinco anos, pretende chegar a um total de 100 lojas. Mas o que torna a Hugo Boss tão especial para os chineses? «É uma mistura entre um óptimo produto, uma boa relação qualidade/preço e uma excelente imagem – como, aliás, em todo o mundo», explica Phillip Wolff.

 

O facto de o nome Boss ter uma associação com a palavra inglesa “boss” teve também alguma influência neste sucesso. Os chineses são muito supersticiosos e vêem nas colecções da Hugo Boss um tipo de talismã pelo qual estão dispostos a desembolsar quantias exorbitantes. De acordo com Philipp Wolff, os preços na China são o dobro dos preços praticados na Europa devido às despesas de transporte, às taxas de importação e aos custos de lançamento da marca no mercado chinês.

Na China, o dobro do preço europeu pode significar o salário de vários meses de um trabalhador normal. No entanto, quem não dispõe de meios não tem necessariamente de viver sem produtos Boss. Nas metrópoles chinesas existem mercados especiais onde é possível comprar produtos contrafeitos a preços muito baixos. Surpreendentemente, a Hugo Boss não se preocupa muito com este facto. «Levávamos a mal se não houvesse contrafacção dos nossos produtos», afirma Phillip Wolff. «É bom sinal os nossos modelos serem falsificados. No entanto, contratámos advogados e detectives e colaboramos intensivamente com as autoridades chinesas para descobrir os infractores e proteger o nosso logotipo e os nossos direitos».