Lurdes Sampaio cada vez mais verde

Focada há vários anos na oferta de malhas sustentáveis, a Lurdes Sampaio tem vindo a alargar a sua oferta nesta área, seja na área dos reciclados, como com o Rfive Project, seja com a utilização de fibras feitas a partir de resíduos da indústria agroalimentar.

Conceição Sá

Menta, cogumelos e café são apenas alguns dos ingredientes que integram agora as malhas da Lurdes Sampaio, fruto de uma parceria com a Filasa. «Durante o ano desenvolvemos com eles uma série de produtos», revela, ao Portugal Têxtil, Conceição Sá, CEO da empresa.

Um desses produtos foi selecionado como finalista dos iTechStyle Awards: uma malha composta por micro liocel e 20% viscose de menta, com propriedades antimicrobianas, respirabilidade e biodegradabilidade. «O conjunto dá uma malha para uma primeira pele com um toque muito macio», revela.

Estes novos artigos vêm juntar-se às propostas resultantes do Rfive Project, que transforma vestuário em fim de vida e sobras da confeção em novas malhas, lançado no mercado há cerca de dois anos em parceria com a Recutex e a Fiavit.

«Já temos marcas a trabalhar connosco e efetivamente a avançar com o projeto», indica Conceição Sá, que acredita que «é um projeto que tem tudo para dar certo», estando a suscitar cada vez mais interesse por parte dos clientes, sobretudo os mais atentos às questões da sustentabilidade. «É um projeto que acaba por fazer a economia circular e é tudo made in Portugal, o que é também importante, porque a maior parte das marcas confecionam cá. A pegada ecológica é mínima, o que constitui uma vantagem. E não usamos qualquer tipo de químicos, é um processo completamente mecânico», salienta a CEO da Lurdes Sampaio.

Um ano desafiante

No ano passado, a Lurdes Sampaio registou um volume de negócios de 3 milhões de euros, naquele que foi «o melhor ano de sempre, mas que resultou de um trabalho anterior, de uma estratégia comercial que tem a ver com os projetos em que estamos envolvidos», explica Conceição Sá.

Já 2023 começou de forma semelhante a 2022, mas em «março, abril e maio sentimos uma quebra grande. Depois começou gradualmente a retomar, mas não está nos níveis que todos esperávamos que estivesse», assume a CEO. No entanto, «estamos a receber encomendas interessantes e achamos que vai ser uma retoma gradual – mas está a acontecer na nossa empresa», sublinha.

As alterações que a empresa tem feito, em termos estratégicos, dão também alguma segurança para o futuro. «Houve uma série de alterações a nível comercial da empresa nos últimos dois a três anos que realmente resultaram numa oportunidade. Sou apologista da proximidade do cliente, de estarmos cá para eles e isso tem dado os seus frutos, claramente. Acho que é por aí que temos de seguir», acrescenta.

E como em estratégia vencedora não se mexe, o futuro da Lurdes Sampaio deverá trilhar, pelo menos nos próximos tempos, os mesmos caminhos. «Vamos continuar com a nossa linha de coleções estruturadas na área da sustentabilidade. Somos reconhecidos por isso. Os nossos clientes de há muitos anos sabem que conseguimos ter qualquer tipo de composição que eles queiram na área do sustentável. Temos à volta de duas mil referências em stock permanente na empresa, o que é um investimento enorme, mas temos. Temos a parte da área do desporto em que estamos a investir e temos a parte do Rfive Project, que também é para continuar», aponta a CEO da empresa, que a 4 e 5 de outubro estará em Munique, na feira Performance Days, a mostrar as suas propostas.

«Sou otimista em relação ao futuro. Acho que vai ser um futuro com muito trabalho, mas não estou com medo, estamos cá para trabalhar. A empresa tem recursos humanos preparados para fazer face às dificuldades e tenho a expectativa de que, passo a passo, as coisas vão acontecendo. Tenho plena confiança na equipa que tenho e, acima de tudo, tenho plena confiança nos produtos, na qualidade e no serviço que oferecemos aos nossos clientes», conclui Conceição Sá.