Luís Buchinho assina projeto social com ilustrações

Com a chancela da Fundação Cecília Zino, Sal tem ilustrações de Luís Buchinho e textos de João Andrade. O livro, que conta a história de sobrevivência de uma jovem em risco, está disponível a partir de 30 de novembro e reverte parte das vendas a favor da construção de uma nova casa de acolhimento no Funchal.

Luís Buchinho

Luís Buchinho e João Andrade aliaram-se à Fundação Cecília Zino e assinaram as ilustrações e os textos de livro Sal, uma novela gráfica de 200 páginas que aborda a história de vida de uma jovem em risco – Sal –, que passa por uma situação de acolhimento depois de ter sido retirada aos pais.

Em formato álbum de capa dura, a obra relata uma situação muito próxima da ação da fundação, que trabalha diariamente com jovens em situação de acolhimento, vítimas de violência ou perigo. João Andrade, o autor do texto, baseou o argumento ficcional em testemunhos recolhidos, ao longo do seu percurso profissional, em diversas instituições de apoio a jovens em risco.

No âmbito da sua atividade artística, Luís Buchinho foi convidado pela Fundação Cecília Zino para o projeto. «Passados 30 anos a desenhar croquis de moda quase de olhos fechados, o que fazer em relação aos desafios que propõe um conto gráfico? As expressões, as paisagens, os carros, a interação entre figuras, etc.? Percebi rapidamente que teria de voltar a estudar e a fazer uma pesquisa massiva de imagens de referência (obrigado Internet!) para conseguir desenvolver o trabalho. Revi os meus livros antigos, nomeadamente os de Enid Blyton, ilustrados pelo magistral Stuart Tresilian que é ainda hoje um dos meus ilustradores favoritos», conta o designer de moda, que tem uma paixão desde a infância pela banda desenhada, que ganhou novo fôlego com a pandemia, devido ao tempo livre forçado.

[©Luís Buchinho]
Para este projeto, Luís Buchinho teve de iniciar «vários processos de aprendizagem em desenho, desde tutoriais do YouTube, aulas online (no Clube de Desenho do Porto) em que abordei vários temas onde me sentia mais frágil. Comecei também a adquirir diversas novelas gráficas – onde redescobri o meu entusiasmo juvenil pela magia de manusear um livro. O apreciar dos desenhos, o cheiro, a descoberta da narrativa… e também a tomada de consciência que tinha muito que aprender e praticar», descreve.

O criador de moda, que participa atualmente na ModaLisboa, compara ainda este desafio ao início do seu percurso profissional. «Lembro-me de me irritar nas primeiras coleções com o facto da roupa não ficar com os mesmos acabamentos da dos designers que admirava: quando viajava, ia às lojas e via as peças do avesso. Nunca acreditei numa boa ideia mal concretizada, isso só a torna em algo mau. E não quis isso para este meu primeiro trabalho», revela Luís Buchinho, acrescentando que «foram três anos de muitas emoções e esforço. Algo que sei que tinha de ter acontecido».

[©Luís Buchinho]
[©Luís Buchinho]
A Fundação Cecília Zino, fundada em 1961 e sediada na Ilha da Madeira, decidiu editar esta novela gráfica para enfatizar a importância das equipas de intervenção e como as suas ações são essenciais para a segurança de jovens em situações de risco. Em 2018 foi criado o Centro para o Desenvolvimento Humano, no coração do Funchal, com a intenção de expandir a ação da fundação, onde a intervenção social e os projetos de âmbito cultural coabitam.

Sal estará à venda a partir de amanhã, dia 30 de novembro, e uma percentagem das vendas do livro reverterá a favor da construção de uma nova casa de acolhimento no Funchal.