Londres, Milão e Paris pintam retoma tricolor

Seja em Londres, Milão ou Paris, a vontade de retoma revelou-se omnipresente nas capitais da moda, onde as criações dos designers para a próxima estação fria se focaram na dualidade do mundo. O preto e o branco a contrastarem o cenário mais negro com a positividade, as várias tonalidades de azul a pedirem momentos galácticos e o dourado a devolver o brilho à passerelle com lantejoulas de esperança.

Anrealage [©Instagram/@anrealage_official]

A paleta de cores escolhida pelos designers nas coleções para o outono-inverno 2021/2022 das semanas de moda de Londres, Milão e Paris adotou, mais uma vez, uma semântica comum que exalou a nova realidade do mundo, afetado pela pandemia, e uma urgência em que as vidas se voltem a tornar aquilo que outrora foram – livres. Deste modo, embora os tons alegres e otimistas se tenham apoderado das tendências da estação quente de 2021 e ainda subsistam para o próximo outono-inverno, existe, inegavelmente, uma vontade mais enaltecida de retoma dos negócios, revela o Sourcing Journal.

Positivo e negativo

As passerelles virtuais foram invadidas por combinações de preto e branco às quais o público se mostrou bastante recetivo. Os designers focaram-se, sobretudo, em coordenados monocromáticos, mas com vários padrões que não são estranhos ao universo da moda, como riscas verticais, losangos e círculos de várias dimensões.

A coleção da Valentino destaca-se precisamente por seguir, na sua maioria, a combinação do preto e branco em peças individuais, coordenando blusas com folhos e camisas com saias pretas. As escolhas mais ousadas da casa de moda italiana, que optou por tendências mais sóbrias, centram-se, contudo, na utilização repetida do logótipo “V” nas peças que mais combatem o frio da estação.

Carolina Herrera [©Instagram/@carolinaherrera]
Os losangos a preto e branco foram reproduzidos na coleção da Palomo Spain e Carolina Herrera aplicou estas tonalidades em bolas, corações, padrões de girafa e também em manchas semelhantes às dos dálmatas, arriscando em saias longas plissadas e calças largas. Issey Miyake, por sua vez, centrou-se nos vestidos com bolas a preto e branco.

Já Loring, Daniela Gregis e Annakiki jogaram pelo seguro com estampados de xadrez em blusas, macacões e vestidos, enquanto Maggie Marilyn quebrou a regra e apostou no contraste sob a forma de corações.

Loewe e Loro Piana ilustraram o poder de união do preto e branco em coordenados monocromáticos.

Desmistificar o dourado

E se a dualidade do preto e branco demonstrou a vontade de retoma de forma subtil, mas assinalada, o dourado fê-lo ainda com mais impacto, apesar das circunstâncias atuais já não exigirem o brilho desta tonalidade, o que remete de modo imediato para o pós-pandemia.

Alberta Ferretti [©Instagram/@albertaferretti]
Alberta Ferretti e Moschino levaram o glamour até à passerelle com vestidos dourados onde a textura atuou como um elemento diferenciador. Giambattista Valli manteve-se fiel à estética habitual, porém decorou os vestidos com mangas compridas em dourado metálico. Numa vertente mais minimalista, mas que deu ânimo festivo, Huishan Zhang criou um vestido decotado com lantejoulas douradas.

A Versace apostou num vestido curto com um cinto dourado a marcar a cintura, enquanto o minivestido de Andrew Gn foi equilibrado com botas douradas até ao joelho e relevo de crocodilo. Por seu lado, a Balmain, Valentino e Chanel fizeram desfilar casacos dourados, exemplificando formas de tornar esta tonalidade usável e aplicável durante o dia e além dos eventos.

Atração azul

Do verde-azulado ao azul petróleo, a próxima estação fria pinta-se em vários tons de azul. Prova disso são as apostas de Alberta Ferretti, que fez resultar a mistura de azul petróleo com tons de verde em peças básicas como casacos de couro, malhas de gola alta, camisas-vestido e acessórios de camurça.

Lanvin [©Instagram/@lanvinofficial]
De igual modo, Christian Wijnants e Tom Ford criaram coordenados com estampados florais em azul petróleo, tonalidade que conferiu profundidade e brilho às propostas galácticas e masculinas da Lanvin, que reforçou a divisão entre a roupa de dia e a de noite.

Com interpretações distintas, a Christian Dior e a Red Valentino apostaram nestas cores, a primeira ao criar um efeito ombré com tons de verde e azul e a segunda num vestido conjugado com ténis monocromáticos.

Ester Manas relembrou os looks de saídas à noite com tecidos metálicos e alças finas, enquanto Anrealage adoçou as propostas para o outono-inverno 2021/2022 com um vestido repleto de babados de cetim.