Não é uma revolução, mas é um salto para outros mundos por parte da empresa de Rebordões. «Somos uma empresa que quase sempre trabalhou muito os sintéticos. Tínhamos até um slogan antigo que dizia “somos uma empresa de sintéticos”», conta a administradora Alexandra Araújo ao Portugal Têxtil. «Neste momento não somos uma empresa de sintéticos, somos uma empresa que trabalha com liocel, que trabalha muito algodão orgânico», exemplifica.
Para chegar aqui, a LMA adquiriu este ano uma fábrica especialista em malhas de algodão e fibras naturais, que integrou nas suas instalações. «Ficámos com a fábrica toda, com os materiais, com tudo», revela Alexandra Araújo. Uma mais-valia que complementa a oferta da empresa. «Já somos uma empresa muito completa. Somos a única empresa em Portugal que produz, sob o mesmo telhado, tecidos, malhas circulares, malhas ketten e malhas raschel, não existe mais nenhuma onde o cliente consiga comprar tudo. Mas tínhamos uma grande lacuna: não tínhamos felpas, faltava-nos uma área natural», justifica. «As misturas, hoje em dia, são cada vez mais importantes e trabalhamos muito com isso», acrescenta.
Metas traçadas para 2022
Esta expansão na gama de artigos produzida dentro de portas está a ser acompanhada por uma tomada de posição no que diz respeito à sustentabilidade. Há já algum tempo a assumir um lado “mais verde” na sua oferta, a LMA aponta como objetivo até meados do próximo ano não ter «nenhum produto à venda, pendurado na nossa coleção, que não tenha algo de sustentável», anuncia Alexandra Araújo, podendo isso contemplar a utilização de materiais reciclados, orgânicos ou biodegradáveis, por exemplo, sendo que, em algumas áreas, «a nossa coleção vai passar a ser 100% sustentável», refere.
«A decisão foi tomada logo no final de 2020, naqueles momentos em que as pessoas diziam que andámos tantos anos a apregoar a sustentabilidade e agora estava toda a gente a fazer batas e máscaras em não-tecido para queimar ou que estávamos a ser invadidos por coisas da China. Achámos que tínhamos de tomar alguma atitude e essa é uma das grandes decisões que a empresa tomou», justifica a administradora da LMA, que emprega 57 pessoas. «Temos uma equipa jovem e temos essa preocupação porque temos filhos pequenos e acho que devemos isso às nossas famílias e às nossas comunidades», sublinha.
A empresa, de resto, esteve o ano passado a trabalhar também na área das máscaras, com o desenvolvimento de têxteis para esse segmento, que lhe permitiu, inclusive, aumentar a faturação face a 2019. «Temos de fazer um agradecimento a três clientes, muito fortes ao longo do ano todo, que fizeram com que a nossa faturação subisse bastante. Foi um trabalho de equipa e fiquei bastante orgulhosa porque as pessoas não desistiram e trabalhámos todos duramente até conseguirmos desenvolver produtos novos», afirma Alexandra Araújo.
O crescimento de 30% que foi conseguido em comparação com 2019 deverá, contudo, ser superado em 2021. «Não gosto de deitar foguetes antes de dezembro ou da primeira semana de janeiro, mas estou bastante contente», confessa a administradora da LMA. Aliás, acredita, «não deve ser uma coisa só da LMA. Acho que o pós-pandemia será, para nós em Portugal, um período de ouro. Estou convencida disso», conclui.