«Os gadgets eletrónicos, wearables e muito pequenos, são cada vez mais comuns na nossa vida quotidiana. Mas atualmente, estão muitas vezes dependentes de materiais raros ou, em alguns casos, tóxicos. Estão igualmente a criar gradualmente grandes montanhas de lixo eletrónico. Há uma verdadeira necessidade de matérias-primas orgânicas, renováveis, para utilização em têxteis eletrónicos», explica Sozan Darabi, estudante de doutoramento no Departamento de Química e Engenharia Química na Chamers University of Technology e no centro de investigação nacional Wallenberg Wood Science Center, e autora principal do artigo científico recentemente publicado no jornal ASC Applied Materials & Interfaces.
Juntamente com Anja Lund, investigadora no mesmo grupo, Sozan Darabi tem, nos últimos anos, trabalhado em fibras condutoras para têxteis eletrónicos. O foco esteve anteriormente na seda, mas agora as conclusões foram mais longe com a utilização de celulose, que é apresentada como uma matéria-prima com um enorme potencial e que pode ser usada de diferentes formas em têxteis eletrónicos.
«Esta linha de celulose pode levar a vestuário com funções eletrónicas e inteligentes integradas, fabricado a partir de matérias-primas renováveis, não tóxicas e naturais», salienta Sozan Darabi.
Tingimento aumenta condutividade
O processo de produção para a linha de celulose foi desenvolvido por coautores da Universidade Aalto na Finlândia. Num processo subsequente, os investigadores da Chalmers tornaram a linha condutora através do tingimento com um material polimérico eletricamente condutor. Os resultados mostram que o processo de tingimento confere à linha de celulose uma condutividade recorde – que pode ser aumentada ainda mais através da adição de nanofios de prata. Nos ensaios, a condutividade manteve-se após várias lavagens.
Os têxteis eletrónicos podem ser aplicados a distintas áreas do quotidiano, nomeadamente na saúde, onde funções como monitorização e regularização de vários parâmetros podem trazer benefícios.
«A celulose é um material fantástico que pode ser extraído de forma sustentável e reciclado e vai ser cada vez mais usado no futuro. E quando os produtos são fabricados de um material uniforme, ou com o mínimo possível de materiais, o processo de reciclagem torna-se muito mais simples e eficiente. Esta é outra perspetiva pela qual a linha de celulose é muito promissora para o desenvolvimento de e-têxteis», destaca Christian Müller, investigador principal do estudo e professor do Departamento de Química e Engenharia Química da Chamers University of Technology.