Lingerie atrai investimento em Portugal

O grupo de investimento Gramax Capital, que em setembro último comprou a fábrica detida pela multinacional Triumph em Portugal, vai agora investir mais de um milhão de euros para modernizar a unidade têxtil sediada em Sacavém.

 

O anúncio foi feito ontem, 4 de janeiro, pelo diretor-geral do grupo especializado em investimentos em pequenas e médias empresas europeias de vários sectores, Alexander Schwarz, numa visita à fábrica na qual participaram também o ministro da economia, Manuel Caldeira Cabral, e o presidente da câmara de Loures, Bernardino Soares.

A sociedade que detém e gere o ativo fabril, que agora passou a ser designada por TGI – Têxtil Gramax International, é atualmente 100% detida pela Gramax Capital, com atividade sediada na Suíça e na Alemanha.

Do investimento da Gramax, que de acordo com o Jornal de Negócios é superior a um milhão de euros, cerca de 400 mil euros foram já dispendidos em maquinaria, formação profissional, software e contratação de 20 colaboradores. O objetivo da TGI é assumir-se como uma «empresa competitiva», afirmou Schwarz ao jornal Público.

A mudança de mãos da fábrica que continua a ser a maior empregadora do concelho de Loures, com cerca de 500 colaboradores, traz um novo modelo de negócio, que passa pela produção para várias marcas. Se antes a totalidade da produção seguia para a Áustria, agora terá como destinos os mercados alemão, austríaco, espanhol, norte-americano e francês, além do português.

Com um volume de negócios anual de cerca de 20 milhões de euros no passado, a unidade industrial de Sacavém não cortou completamente os laços com a Triumph, uma vez que para que a venda fosse bem-sucedida era fundamental a garantia de que o grupo alemão manteria durante um ano um determinado volume de encomendas, como explicou ao Público o ministro da economia. Não obstante, a TGI, com Manuel Pereira como novo CEO, vai apostar na diversificação da sua carteira de clientes.

Sem adiantar grandes detalhes, para não comprometer os acordos de confidencialidade, uma fonte oficial da empresa confirmou ao jornal Público que «a Triumph continua a ser um cliente muito importante a nível internacional» e que as coleções da marca portuguesa de biquínis e fatos de banho Cantê também vão sair da fábrica de Sacavém. Há pelo menos uma marca inglesa que também está a contratar à TGI parte da produção. Para dar resposta às encomendas, a fábrica reforçou a equipa com engenheiros têxteis e designers para poder desenvolver os próprios produtos, apostando ainda numa equipa comercial para abordar os mercados.

Com o novo pacote de investimento, a TGI ambiciona nada menos do que «reforçar a liderança do sector de produção em Portugal» e afirmar-se «como um dos maiores players europeus na produção de lingerie, shapewear e swimwear para homem e mulher», declarou a mesma fonte.

Esta será uma segunda vida para a unidade fabril, que iniciou a produção na década de 1960 e começou a ter dissabores em 2015, quando surgiram os primeiros rumores de que a Triumph iria deslocalizar a produção para a Ásia. Os Boatos viriam a confirmar-se nesse verão pela própria empresa, que ressalvou na altura estar à procura de um comprador, afastando a possibilidade de despedimentos.