«2020 foi um ano particularmente difícil» para a Lima e Companhia que «de um dia para outro ficou com todas as encomendas em stand by», revela Márcia Cortinhas, diretora comercial da empresa familiar. Não houve outra alternativa, a não ser parar um mês.
«Temos 230 trabalhadores e percebemos que tínhamos que continuar. Aos poucos retomámos e focámo-nos no futuro. Avançámos com as nossas coleções, fomos respondendo aos nossos clientes. Ainda que financeiramente não nos compensasse, seria mais fácil pararmos mais tempo para chegar ao final do ano e termos um resultado melhor», explica ao Portugal Têxtil.
No entanto, a Lima & Companhia tem recuperado a bom ritmo e prevê, este ano, encerrar com ganhos superiores a 2019, ultrapassando os 6 milhões de euros. «Aumentamos o nosso leque de clientes e temos tido bastante encomendas. Neste momento, a minha maior preocupação prende-se com a escassez de matérias-primas, sobretudo fio e não com a falta de encomendas», admite a diretora comercial.
Segunda geração da empresa familiar, Márcia Cortinhas diz ter assistido a aumento galopante de preços do fio mas «sem nunca ter tido o problema de o ver chegar ao mercado dentro dos prazos». Neste momento é uma das suas inquietações, juntamente com os inesperados e sucessivos aumentos de outras matérias-primas, como botões e fechos. «Sem falar no custo da eletricidade, que se tornou um peso pesado para as empresas», aponta.
Via verde
A sustentabilidade é um dos focos da produtora de vestuário, que está a direcionar a produção para artigos «orgânico ou reciclados, procurando corresponder às expectativas de vários clientes», indica a diretora comercial da Lima & Companhia.
Dentro da empresa estão ainda previstos investimentos na ordem dos 1,5 milhões de euros, para uma melhoria do desempenho energético e ambiental, através da instalação de painéis solares, e para certificações sustentáveis.
«Temos uma empresa de reciclagem que levanta os nossos desperdícios, que são posteriormente reaproveitados para o artesanato. Mas temos ainda que melhorar a nossa cadeia e fluxo de trabalho para minimizar perdas, para nos tornarmos mais verdes», garante Márcia Cortinhas.
Com França a liderar os mercados internacionais, sobretudo devido à marca própria Ethnic Blue, a Lima & Companhia tem ganho fôlego em mercados como Países Baixos, Itália, Dinamarca, Alemanha ou Suíça.
Para 2022, a diretora comercial quer reforçar a presença da empresa em feiras internacionais, com a entrada na Fashion SVP, em Londres, e na Munich Fabric Start. «A Première Vision, em Paris, será para manter», afirma.
