Lemar foca-se na qualidade para a sustentabilidade

A Lemar tem abordado a sustentabilidade pelo ângulo da qualidade e durabilidade dos tecidos que saem dos seus teares, que tanto podem ser usados em roupa de banho como em vestuário de exterior, como explica a CEO Manuela Araújo em entrevista, onde ainda destaca os desafios acrescidos com o aumento dos custos.

Manuela, Alfredo e Armindo Araújo

Publicada no blogue da Sensil, da Nilit, uma das marcas de poliamida 6.6 que a Lemar usa nos seus artigos, e partilhada nas redes sociais da produtora de tecidos, a entrevista a Manuela Araújo centra-se na história de mais de 80 anos da empresa, nomeadamente as apostas em produtos de qualidade, sustentabilidade e o futuro da indústria têxtil.

«Tivemos alguns feitos fantásticos ao longo destas oito décadas», afirma a CEO da Lemar. «Essencialmente, destaco o momento em que percebemos que teríamos de mudar a nossa estratégia de negócio se queríamos exportar os nossos tecidos. Para sermos competitivos e para os nossos produtos serem atrativos, era obrigatório sermos inovadores», explica Manuela Araújo, dando conta de uma mudança no layout da produção através da aquisição de teares mais eficientes e também mais versáteis, «que nos permitiram melhorar a qualidade da nossa tecelagem e desenvolver novos artigos».

Também as visitas a clientes e a presença em feiras internacionais, para conhecer melhor o mercado, contribuiu para o desenvolvimento da empresa fundada por Leandro Magalhães D’Araújo, avô da atual CEO. «Novas ideias abriram novas portas», sublinha Manuela Araújo.

Stand da Lemar na PV New York – janeiro 2023 [©Facebook Lemar]
Ainda hoje a Lemar segue este modelo de negócio, com um périplo anual por vários eventos do sector. Somente neste início de 2023, já esteve na London Textile Fair, no Reino Unido, na Première Vision New York, nos EUA, na Munich Fabric Start, na Alemanha, na Nordic Fabric Fair, na Suécia, e na Milano Unica, em Itália, tendo ainda previsto expor, neste primeiro trimestre, na Première Vision Paris, em França, no Modtissimo, em Portugal, e na Jitac, no Japão.

Aumento de custos são desafio

A atualidade está repleta de novos desafios – desde a retração do consumo às questões geopolíticas na Europa – que a empresa procura sempre ultrapassar. «Temos de continuar a adaptar-nos de acordo com estas novas dinâmicas se queremos encontrar territórios por explorar», considera a CEO da Lemar, que salienta que «uma das principais vantagens dos nossos tecidos é que podem ser usados para vários fins. Recentemente, tivemos o caso de uma mesma referência de tecido ter sido usada em casacos por uma marca alemã bem conhecida, em calções de banho por uma empresa sueca, em bonés e chapéus na Noruega e, mais impressionante, para trelas de cães na Finlândia».

Stand da Lemar na Milano Unica – fevereiro 2023 [©Facebook Lemar]
Outro desafio é a escalada dos custos, que tem sido motivo de grande preocupação. «A economia mundial está a enfrentar uma volatilidade da cadeia de aprovisionamento sem paralelo no passado recente. Matérias-primas, energia, custos operacionais e de transporte mais do que triplicaram nos últimos meses e parece que esta flutuação dos preços ainda não chegou ao fim. E, para além dos preços, a própria disponibilidade de algumas matérias-primas e contentores de acabamentos continua muito incerta para as próximas semanas e meses», reconhece Manuela Araújo. «Isto causou uma complexidade crescente na capacidade da Lemar manter os custos de produção válidos por um longo período e planear devidamente as entregas. Estamos a trabalhar para mitigar o impacto desta situação sem precedentes e compreendemos como isso afeta os nossos clientes. Mas, falando honestamente, não sei quanto tempo poderemos aguentar estes custos extra», admite.

Inovar para ser mais sustentável

Quanto ao tema da sustentabilidade, embora use essencialmente fibras sintéticas, consideradas mais poluentes, a empresa tem tentado responder a esta necessidade. Além de cumprir a legislação e requerimentos da União Europeia, a Lemar tem procurado acompanhar os desenvolvimentos a este nível. «Trabalhamos sobretudo com fibras sintéticas (poliéster e poliamida). O nosso negócio principal é o swimwear e tecidos para calções de banho feitos com estas fibras. Sabemos que estes tecidos podem não ter o nível de sustentabilidade que desejávamos que tivessem, mas, graças à tecnologia, tem havido tantas inovações nos fios que a sustentabilidade já não tem de comprometer o design», destaca Manuela Araújo, referindo as possibilidades trazidas pelo upcycling e por processos de produção que reduzem as emissões de dióxido de carbono e permitem a poupança de água e energia.

 

«Quando desenvolvemos os nossos tecidos, estamos preocupados com toda a cadeia produtiva. Naturalmente começa pela escolha do fio que será usado. O objetivo é manter os nossos elevados padrões de qualidade, assim como reduzir o impacto ambiental como um todo. É por isso que, dentro da nossa gama, é possível encontrar vários tecidos com valor acrescentado que oferecem vantagens em todas as áreas da sustentabilidade», conclui a CEO da Lemar.