Publicada no blogue da Sensil, da Nilit, uma das marcas de poliamida 6.6 que a Lemar usa nos seus artigos, e partilhada nas redes sociais da produtora de tecidos, a entrevista a Manuela Araújo centra-se na história de mais de 80 anos da empresa, nomeadamente as apostas em produtos de qualidade, sustentabilidade e o futuro da indústria têxtil.
«Tivemos alguns feitos fantásticos ao longo destas oito décadas», afirma a CEO da Lemar. «Essencialmente, destaco o momento em que percebemos que teríamos de mudar a nossa estratégia de negócio se queríamos exportar os nossos tecidos. Para sermos competitivos e para os nossos produtos serem atrativos, era obrigatório sermos inovadores», explica Manuela Araújo, dando conta de uma mudança no layout da produção através da aquisição de teares mais eficientes e também mais versáteis, «que nos permitiram melhorar a qualidade da nossa tecelagem e desenvolver novos artigos».
Também as visitas a clientes e a presença em feiras internacionais, para conhecer melhor o mercado, contribuiu para o desenvolvimento da empresa fundada por Leandro Magalhães D’Araújo, avô da atual CEO. «Novas ideias abriram novas portas», sublinha Manuela Araújo.
Aumento de custos são desafio
A atualidade está repleta de novos desafios – desde a retração do consumo às questões geopolíticas na Europa – que a empresa procura sempre ultrapassar. «Temos de continuar a adaptar-nos de acordo com estas novas dinâmicas se queremos encontrar territórios por explorar», considera a CEO da Lemar, que salienta que «uma das principais vantagens dos nossos tecidos é que podem ser usados para vários fins. Recentemente, tivemos o caso de uma mesma referência de tecido ter sido usada em casacos por uma marca alemã bem conhecida, em calções de banho por uma empresa sueca, em bonés e chapéus na Noruega e, mais impressionante, para trelas de cães na Finlândia».
Inovar para ser mais sustentável
Quanto ao tema da sustentabilidade, embora use essencialmente fibras sintéticas, consideradas mais poluentes, a empresa tem tentado responder a esta necessidade. Além de cumprir a legislação e requerimentos da União Europeia, a Lemar tem procurado acompanhar os desenvolvimentos a este nível. «Trabalhamos sobretudo com fibras sintéticas (poliéster e poliamida). O nosso negócio principal é o swimwear e tecidos para calções de banho feitos com estas fibras. Sabemos que estes tecidos podem não ter o nível de sustentabilidade que desejávamos que tivessem, mas, graças à tecnologia, tem havido tantas inovações nos fios que a sustentabilidade já não tem de comprometer o design», destaca Manuela Araújo, referindo as possibilidades trazidas pelo upcycling e por processos de produção que reduzem as emissões de dióxido de carbono e permitem a poupança de água e energia.
«Quando desenvolvemos os nossos tecidos, estamos preocupados com toda a cadeia produtiva. Naturalmente começa pela escolha do fio que será usado. O objetivo é manter os nossos elevados padrões de qualidade, assim como reduzir o impacto ambiental como um todo. É por isso que, dentro da nossa gama, é possível encontrar vários tecidos com valor acrescentado que oferecem vantagens em todas as áreas da sustentabilidade», conclui a CEO da Lemar.