O economista norte-americano Paul Krugman, segundo o «Economist» provavelmente «o mais criativo economista da sua geração» e um sério candidato a Nobel da Economia, esteve recentemente em Lisboa e foi entrevistado pelo Diário Económico. O pior que pode acontecer a um país é «quando tenta fazer o que não pode e insiste numa produtividade que não tem», afirma Krugman na entrevista. Consequentemente, e enquanto esperam pelos resultados da educação e da qualificação, aos portugueses resta manter a aposta em mão-de-obra barata, que é o outro lado do espelho da baixa produtividade. Na opinião de Krugman, nesta fase «Portugal deve basear o seu emprego em salários relativamente baixos, orientando-se para a exportação no mercado europeu», enquanto segue «políticas de longo prazo na educação e na qualificação do trabalho.» Lembrando que os países com maior crescimento da produtividade apostaram todos no sistema educativo, Paul Krugman afirma que este processo de convergência ao rendimento médio europeu levará pelos menos 25 anos. Durante a sua estadia em Portugal, criticou o modelo que a zona euro escolheu para o seu Banco Central, afirmando ainda que ficava «mais descansado» se o objectivo de inflação do BCE fosse «de 3 a 4% em vez de zero a 2%», isto porque o economista defende que na actual conjuntura os riscos de uma taxa de inflação de 4% são preferíveis a «uma armadilha da liquidez como a que se vive no Japão». Krugman diz mesmo que caso se caia nessa situação «estamos tramados». O economista afirma que se vive no mercado do dólar uma bolha especulativa semelhante à do Nasdaq e, tal como a generalidade dos economistas, considera que o euro está subavaliado. Actualmente na Universidade de Princeton, Portugal não é para ele um país estranho, dado que em 1977 e integrado numa equipa de jovens doutorados do Massachussets Institute of Technology, foi consultor do Banco de Portugal.