Kispo prepara o regresso

A Lousafil está a apostar fortemente no projecto de relançamento da marca Kispo, que durante décadas foi uma referência no sportswear em Portugal e no estrangeiro, como referido na última edição do Jornal Têxtil (JT). Há 30 anos que o nome Kispo faz parte do vocabulário dos portugueses quando se referem a um impermeável ou blusão para a chuva, confundindo-se com o próprio produto. Carla Costa, em conversa com o JT, salientou a importância do facto deste relançamento ser feito não só em Portugal mas também em Espanha. A directora de marketing da Lousafil, Marisol Benites, referiu que a marca vai ser apresentada com a mesma filosofia de há 30 anos atrás, mas com um posicionamento modernizado. A modernização do estilo Kispo está ser feito pela estilista Katty Xiomara e tem como linha orientadora o mesmo estilo de cores e as áreas em que a Kispo se especializou: ténis, desportos de montanha e automobilismo. As colecções incluem linhas para homem, senhora e criança. Vai ser lançada a colecção de Verão para 2004, através duma apresentação, em Setembro, aos retalhistas nacionais e em Novembro ao público durante o Portugal Fashion. Os projectos para a Kispo também passam pela abertura, em Fevereiro do próximo ano, de uma loja própria em Lisboa, cuja localização ainda não está definida e outra no Porto, localizada no centro comercial Cidade do Porto. A presença no mercado espanhol está ainda a ser estudada, mas é um objectivo que esperam atingir rapidamente. A distribuição será igualmente feita em diversos pontos de venda nas principais cidades do país. A ideia de relançar a Kispo assume para a Lousafil mais do que um objectivo comercial e vai mais além do que um simples negócio. É a reconquista de uma marca que mudou a região de Lousada e surgiu em 1995, quando o empresário e presidente do Conselho de Administração da Lousafil, Manuel Rafael comprou a marca à extinta Fabinter, do empresário suíço Hans Hisler, que desde os anos 70 criava e produzia a Kispo. Nos anos 70, a presença de indústrias têxteis não era muito forte e segundo a directora-geral, foi precisamente a influência e o engenho deste empresário que fez crescer no concelho a diversidade de empresas de têxtil e vestuário que agora existe e que constituem uma referência importante na economia da região. Crê-se que a marca terá aparecido em 1972, quando Hans Hisler se estabeleceu em Portugal. Para a época, as ideias deste suíço foram de facto inovadoras, com uma equipa de estilistas a trabalhar com ele e uma empresa de exportação em Basileia, através da qual fazia a exportação do vestuário que fabricava na Fabinter. Os artigos, numa altura em que Portugal era um país fechado às trocas comerciais para o exterior, chegavam a países como a Alemanha, Finlândia, Suécia, Dinamarca e França. E assim foi até ao final dos anos 80. Na opinião de Marisol Benites, o suíço criou aquela que será provavelmente a marca portuguesa de vestuário mais importante que existiu até hoje e conseguiu dar-lhe uma dimensão internacional como nunca ninguém alcançou no sector. Além deste projecto, a estratégia da empresa passa também pela abertura, em Outubro, de uma fábrica em Cabo Verde, que visa permitir à Lousafil ter preços mais competitivos e aumentar o mercado de exportação, que consome a maioria do vestuário que fabricam. A Lousafil, confecção especializada fundada há 25 anos em Lousada, é uma empresa especializada na confecção de vestuário técnico e funcional na área de outdoor, casualwear e sportswear para homem, senhora e criança. Vocacionada para a exportação, apresenta como principais mercados o Reino Unido, França, Alemanha e Espanha. Com um volume de negócios anual que ronda os seis milhões de euros, a empresa espera chegar a mercados como os Estados Unidos da América e Canadá. Emprega actualmente 80 pessoas e a parcela de subcontratação corresponde a um total de 250 pessoas, sendo produzidas, no total, cerca de 45.000 peças/mês. A empresa está actualmente dividida em 3 grandes áreas de negócio: a exportação para importantes marcas internacionais, a produção/comercialização de equipamento de trabalho, protecção e segurança sob a denominação VTL e ainda a produção e comercialização da marca Kispo.