Kering compra 30% da Valentino

O grupo de luxo francês anunciou a aquisição, por 1,7 mil milhões de euros, de uma participação de 30% na casa de moda italiana. O acordo firmado com o grupo Mayhoola prevê a possibilidade de uma compra total em cinco anos.

Valentino [©Valentino]

O acordo «inclui a opção do Kering comprar 100% do capital da Valentino até 2028», refere o comunicado do grupo francês, que afirma que a transação, que deverá ser fechada até ao final deste ano, «faz parte de uma parceria estratégia mais alargada entre o Kering e o Mayohoola [o grupo do Qatar que detém a Valentino], que pode levar o Mayhoola a tornar-se acionista no Kering».

O Kering sublinha que a parceria estratégica vai reforçar a estratégia de elevação implementada por Jacopo Venturini, CEO da Valentino, que a tornou «numa das casas de luxo mais admiradas do mundo».

Em termos práticos, o Mayhoola continua a ser o maior acionista com 70% do capital, mas o Kering irá assumir um lugar no conselho de administração.

«Estou impressionado com a evolução da Valentino sob a propriedade do Mayhoola e muito contente por o Mayhoola ter escolhido o Kering como parceiro para o desenvolvimento da Valentino, uma casa italiana única que é sinónimo de beleza e elegância», afirma François-Henri Pinault, presidente do conselho de administração e CEO do Kering. «Estou muito satisfeito com este primeiro passo na nossa colaboração com o Mayhoola para desenvolver a Valentino e prosseguir a jornada estratégica muito forte de elevação da marca que Jacopo Venturini vai continuar a liderar».

Fundada em Roma em 1960 por Valentino Garavani, a casa de moda italiana foi adquirida em 2012 pelo Mayhoola, tendo vindo a expandir a sua influência e os seus negócios em todo o mundo. No ano passado, a Valentino contava 211 lojas próprias em 25 países e registou um volume de negócios de 1,4 mil milhões de euros.

A entrada no capital da Valentino foi anunciada na mesma altura que a publicação dos resultados semestrais do Kering, que registou um aumento de 2% no volume de negócios, para cerca de 10,1 mil milhões de euros. O grupo francês, que detém marcas como a Gucci, Yves Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga e Alexander McQueen, conseguiu um lucro líquido de 1,8 mil milhões de euros.

Gucci [©Gucci]
Embora a Yves Saint Laurent (+6%, para 1,6 mil milhões de euros) e a Bottega Veneta (+2%, para 833 milhões de euros) tenham registado um aumento do volume de negócios, os números da Gucci, que representa mais de metade das vendas, foram menos positivos, com uma descida de1%, para 5,1 mil milhões de euros, causada em particular por uma queda de 3% nas vendas por grosso.

«Num ambiente atual de incerteza económica e geopolítica a curto prazo, o Kering vai continuar a executar a sua estratégia e visão, perseguindo duas ambições principais: manter uma trajetória de crescimento rentável resultante de elevados níveis de geração de liquidez e retorno do capital empregue, e confirmar o seu estatuto como um dos grupos mais influentes na indústria do luxo», aponta em comunicado o grupo francês.