Keit sem meias medidas

Com 50 anos de existência feitos em 1998, a Fábrica de Malhas Sàcole, líder nacional de meias e collants de bébé e criança através da marca Keit, procura agora a sorte fora das fronteiras nacionais. Depois de ter conquistado a Finlândia e ter feito vários contactos na Alemanha, a Keit procura agora penetrar nos mercados escandinavos. Os próximos serão a Bélgica e a Holanda. A marca portuguesa procura antes de mais obter o certificado de qualidade que vai permitir à empresa tornar-se cada vez mais competitiva. Para além disso, existem vários projectos em curso que demonstram o quanto a Keit está empenhada em dar a conhecer o seu produto e a sua aposta na qualidade e inovação. Um dos projectos terminou nos primeiros meses de 2000 e foi colocado em prática com um objectivo de modernizar e automatizar a produção. O projecto mais recente apresentado ao POE, que envolve cerca de 140 mil contos, centra-se principalmente na implementação do sistema de qualidade, para se concretizar em apenas um ano. Numa entrevista a André Sá, administrador da Keit, o Jornal Têxtil obteve uma visão geral de quais são os principais objectivos da Keit. JT: A Keits está claramente a apostar na qualidade. O certificado de qualidade ISO é sem dúvida um dos objectivos principais da Keit. AS- Há mais de um ano estamos com implementações de procedimentos à luz das normas da ISO 9000. Entretanto, formalmente desde Janeiro, estamos a implementar o sistema de gestão da qualidade, já de acordo com as normas IS0 9000/2000. O objectivo prático de tudo isto é procurarmos um melhoramento significativo na organização do trabalho aos diversos níveis, sempre na perspectiva da qualidade em todas as frentes. O culminar protocolar de todo este processo será entre o mês de Março e Abril do próximo ano. Na pior das hipóteses esperamos que no primeiro semestre do ano 2002 possamos ter a auditoria de concessão para a atribuição da certificação de qualidade. JT: No que respeita à estratégia de internacionalização, passa só pelos mercados escandinavos? AS- Não, nós estamos sobretudo com um plano a longo prazo de internacionalização da marca Keit. É uma marca que representa mais de 80% da actividade da Fábrica de Malhas Sácole, mas ao longo da sua existência – a Sácole tem 52 anos a Keit tem 40 – no mercado nacional essencialmente, nunca foram, até há dois anos atrás, as situações de internacionalização da marca Keit, apoiada por uma estratégia digna desse nome. De facto aquilo que verificamos é que, embora tenhamos um potencial de melhoria a vários níveis no nosso desempenho de implantação de marca a nível nacional. De qualquer forma o mercado nacional acaba por ser, não digo restrito para as nossas ambições mas, é limitado para podermos ter aqui alguns vectores de desempenho produtivo e comercial ao nível das nossas expectativas. De facto, temos um plano estratégico a seis anos de internacionalização da marca Keit, em que durante os primeiros cinco anos seguramente só países da União Europeia serão abrangidos por essas tentativas de abordagem dos mercados e entendeu-se que por diversas circunstâncias, que têm a ver com as relações comerciais entre países, com a tipologia do próprio produto, o perfil do mercado, etc, que os países escandinavos seriam uma das frentes mais vantajosas. Estamos a funcionar já com alguma experiência, já que o mercado eleito para balão de ensaio da aposta de Keit foi de facto a Finlândia, entretanto houve uma abordagem ao mercado alemão não dentro do plano estratégico estabelecido, mas como apêndice para nos ajudar a ganhar conhecimento dos mercado mais fortes, o que nos tem sido útil. Esta abordagem ao mercado alemão tem a ver com um projecto KNITPROM, promovido pela Associação das Malhas (APIM). Houve aqui também uma série de elementos comerciais no limar da estratégia que nós conseguimos apurar e melhorar, não quer dizer que tenha resultado em vendas, mas o objecto da abordagem a este mercado não era a penetração do produto propriamente dito, não era esse o objectivo fundamental, apesar de termos tido hipótese de seleccionar áreas de mercado, perfis de agentes, etc, que em qualquer altura podem ser activados conforme a conveniência. Os mercados escandinavos foram seleccionados não por serem os únicos a terem algum interesse, mas como os de primeira fase a par com outros do centro da Europa. JT: Existem vários projectos em curso, um deles está ligado ao POE. AS- Nós estamos na fase de encerramento formal de um projecto de investimento no âmbito do IMIT no valor de 250 mil contos. Foi um projecto apresentado em meados de 1998 e que foi concluído nos princípios do ano 2000. O processo formal ainda está pendente, esperemos que por pouco tempo. Entretanto avançamos já este ano com um projecto de investimento no regime de SIME. O projecto apresentado ao POE funciona como um projecto de consolidação ainda do anterior, de um prazo muito mais curto. É um projecto que foi configurado para 10 a 11 meses um período inferior a um ano, e a ordem de grandezas anda à volta dos 140 mil contos. JT: Qual é o objectivo essencial destes programas postos em prática desde 1998? AS- A Keit, enquanto nome, foi conhecida no mercado durante os anos 80 como produtora de meias de homem e de desporto. Ora hoje em dia isto está completamente alterado em função da política desencadeada desde 98. Houve uma aposta clara de investimento nos artigos diferenciados das gamas de infantil e juvenil, no design e qualidade, houve um não-investimento ou, no caso do desporto, um desinvestimento na aérea das meias de homem. A Keit hoje em dia está numa fase de transição do conceito como produtora de meias e de collants de toda a espécie, para passar a ser uma empresa de acessórios de malha para as gamas infantil e juvenil. JT: A Keit pensa a longo prazo apostar num outro sector etário? AS- Já estão dados os primeiros passos nessa área pois nós já somos uma empresa de venda de acessórios de malha, desde luvas, gorros, pijamas, collants, boxers, t-shirts, malhas interiores etc, que estão perfeitamente dentro da nossa linha de know-how. Vários acessórios de malha estão a ser comercializados na Keit há mais de um ano. JT: Quanto ao concurso “Modelos desenhados por quem sabe”, qual foi a principal motivação para realizar este concurso? AS- Este projecto surgiu por duas razões, a necessidade comercial de encontrar um projecto que consolidasse esta imagem que procuramos criar, com a estratégia de nos voltarmos para o mercado infantil e juvenil. Neste caso apostou-se ainda mais no mercado infantil, porque o concurso permite o acesso de crianças até aos 10 anos. Surgiu também um pouco no âmbito da comemoração dos 50 anos da Sácole, a empresa que detém a marca Keit e que a comercializa, que completou este meio século em finais de 1998. É uma celebração com atraso mas pelo menos é feita na altura que entendemos justa e devida. JT: E como entra neste concurso o Instituto de Apoio à Criança (IAC)? AS- Nós temos profissionais de marketing e da publicidade que nos apoiaram na configuração de toda esta iniciativa e que a nível operacional fazem a gestão das várias componentes, o que levou a um convite a Drª. Manuela Eanes, que é presidente do Instituto de Apoio à Criança. Felizmente foi logo aceite embora, citando a Drª. Manuela Eanes, o IAC faz questão de não aderir a qualquer tipo de iniciativas já que desafios deste âmbito são muitos e têm de ser seleccionados. Este projecto já está a ter alguma aceitação, ele foi lançado no dia 15 de Setembro e logo no dia 17 já estavam a chegar vários desenhos. O tempo ainda é muito curto para um concurso que praticamente está a começar e só termina no fim do ano. De qualquer maneira, para os primeiros dias já se verifica