José Fontão aposta na internacionalização

A empresa especializada em roupa de cama está em busca de novos clientes internacionais através da presença em feiras. Heimtextil e Guimarães Home Fashion Week foram dois dos certames onde esteve a mostrar a sua oferta, numa altura em que prepara o lançamento de uma marca própria.

João Fontão

Com quase 40 anos de história, a José Fontão começou por vender apenas tecidos, como recorda o CEO da empresa, mas a evolução acabou por se fazer para a roupa de cama e artigos acabados para a casa. «No passado, as vendas eram muito para Portugal e Espanha. Entretanto, conseguimos começar a exportar um pouco mais para o centro da Europa e, agora, queremos expandir para o mundo», assume João Fontão, que faz parte da segunda geração à frente dos destinos da empresa fundada pelos seus pais. «Essa é a ideia de estar cada vez mais presentes nas feiras a mostrar o nosso know-how e os nossos produtos», confirma.

Os primeiros passos foram dados na Heimtextil, em janeiro. «Na Heimtextil, sendo uma novidade, acabámos por ter um número de pessoas e reuniões que não esperávamos e, realmente, estamos a ter um feedback muito positivo dos nossos produtos», revela João Fontão. «Inclusivamente já estamos com algumas encomendas», acrescenta.

A empresa tem capacidade para servir clientes de todas as gamas, recorrendo à subcontratação para o tingimento e estamparia das telas. «Compramos muito tecido em Portugal, cada vez mais tentamos fazê-lo. Infelizmente, é impossível comprar tudo em Portugal, principalmente os tecidos de gamas mais baixas e médias», refere o CEO. Ainda assim, e durante a apresentação na Guimarães Home Fashion Week, «80% do que do que apresentamos é feito em Portugal», sublinha João Fontão.

A ideia de acrescentar novas valências internas não faz parte dos planos da empresa, cuja estratégia é manter a maior flexibilidade possível. «Nada contra as empresas verticais, mas sempre achámos que podemos encontrar a melhor tecelagem, que não tem de ser obrigatoriamente nossa, o melhor acabamento, que não tem de ser obrigatoriamente nosso, e, assim, podemos ter o melhor dos dois mundos: ter o melhor produto, com uma qualidade melhor, se calhar, a um preço melhor», refere o CEO.

Marca própria em curso

Para chegar a mais mercados – atualmente a quota de exportação representa 98% das vendas da empresa, dispersas por Espanha, França e Benelux –, a José Fontão tem o projeto de criar uma marca própria. «Estamos agora a iniciar o processo de criação de marca porque sentimos que muitos clientes preferem trabalhar com as coleções das empresas e não criar as suas próprias coleções. A feira de Frankfurt deu-nos essa noção de que, realmente, temos de ter uma marca para poder singrar melhor neste mercado», justifica João Fontão.

Embora o nome esteja ainda no “segredo dos deuses”, o CEO levanta a ponta do véu quanto ao conceito. «Terá de ser uma marca muito sustentável, porque é hoje o que mais se fala no mercado, com lavagens que gastem pouca água, fios orgânicos, recicláveis. Já estamos a estudar várias oportunidades e em breve, certamente, teremos a nossa coleção», conta.

Um desafio, que, acredita João Fontão, «para nós vai ser muito bom, porque criar algo com o nosso nome que pode viajar pelo mundo a dizer “feito em Portugal” será muito gratificante».

O primeiro teste a esta nova marca deverá ser na próxima edição da Heimtextil, mas há planos para eventualmente pisar outras feiras internacionais. «Temos a ideia de fazer uma feira em Nova Iorque, porque o mercado americano apraz-nos muito. É um mercado que gostaríamos de fazer», destaca o CEO.

Uma conjuntura difícil

Depois de um ano de 2021 «muito bom, um dos melhores para a nossa empresa, a todos os níveis», 2022 teve resultados menos positivos, embora esperados. «Houve uma quebra natural, é o reequilibrar do mercado», considera João Fontão.

Já este ano é classificado pelo CEO da José Fontão como «um ano atípico», fruto da situação do mercado. «A nível de valor em vendas, até estamos melhor do que no ano passado, provavelmente, mas a nível de margens, realmente tudo se tornou mais difícil», indica, citando sobretudo os aumentos sentidos nos acabamentos.

Ainda assim, as perspetivas são otimistas. «Acho que para nós tudo são oportunidades, visto que mudámos um pouco o nosso conceito e com esta parte da internacionalização, tudo é para melhorar», destaca. Os objetivos são, por isso, «manter os clientes que temos e tentar dar o salto para outros patamares, porque tendo nós uma estrutura mais pequena, às vezes basta um ou dois clientes com alguma capacidade para nos dar um impulso muito grande. E agora estamos a conhecer e a ter reuniões com clientes de que sempre ouvimos falar. Tendo esses contactos e essa proximidade, com mais facilidade podemos fazer bons negócios», conclui João Fontão.