João & Feliciano multiplica crescimento

Numa década, a empresa conseguiu adicionar quase 10 milhões de euros ao seu volume de negócios, preparando-se para atingir o melhor ano de sempre em 2021. A João & Feliciano quer, contudo, continuar a crescer, estando a fazer investimentos em várias áreas, da maquinaria aos recursos humanos.

Feliciano Azevedo

As novas instalações da empresa, para as quais se mudou em agosto, junta toda a tecelagem sob um mesmo teto, num total de 70 teares com uma capacidade produtiva de 500 mil metros por mês, e representa um investimento de 4 milhões de euros, pensado para prosseguir o caminho de crescimento que a João & Feliciano iniciou em 1993, mas que acelerou especialmente na última década.

«Há 10 anos, ou menos, a João & Feliciano era uma empresa minúscula que faturava 2,5 milhões de euros», conta Feliciano Azevedo, CEO da empresa. No ano passado, a pandemia colocou um travão às ambições da empresa produtora de tecidos, têxteis-lar e workwear, que ainda assim, conseguiu ter o melhor ano de sempre. «No ano passado, o mês de março foi o nosso melhor mês de sempre e em abril parámos, faturámos zero – tínhamos muitos clientes a questionar se podiam cancelar as encomendas e tivemos receio de estar a produzir para, no fim, não expedir. Assustámo-nos e parámos. Depois, chegámos à conclusão que foi um erro, mas é fácil falar depois. Foi um erro porque tivemos algumas dificuldades de prazos, mas os clientes voltaram com mais força e acabámos por ter um ano bom, o nosso melhor ano de sempre», confessa o CEO. «Faturámos 7,8 milhões de euros, mas estávamos a prever chegar aos 10 milhões de euros», acrescenta.

Contudo, será este ano, com vários meses ainda não contabilizados, o melhor ano de sempre da empresa. «No início do mês de agosto, já tínhamos ultrapassado os 8,5 milhões de euros», revela Feliciano Azevedo, que antecipa fechar o ano com um volume de negócios cifrado em 12 milhões de euros.

Este valor «é talvez o nosso maior salto de sempre», aponta Feliciano Azevedo, mas «onde não está ainda refletido o nosso aumento de capacidade», até porque grande parte das máquinas terá chegado apenas há algumas semanas.

Coleção mais sustentável

Além do investimento em maquinaria, a empresa está a tentar aumentar o número de trabalhadores, que atualmente ronda a centena. «Está muito difícil contratar», admite o CEO, referindo a necessidade de recorrer a imigrantes, nomeadamente brasileiros, assim como à formação interna para preencher as vagas. «Grande parte do pessoal que temos foi formado dentro da empresa, foram pessoas que entraram sem nenhuma especificidade e foram todos formados dentro da empresa, para os vários ramos. E vamos continuar a fazê-lo. Claro que se corre sempre o risco de formar um trabalhador e, ao fim de dois ou três anos, quando está pronto, ele ir-se embora. Mas é um risco que se tem de correr», acredita Feliciano Azevedo.

Com uma quota de exportação que, em 2021, deverá chegar aos 80%, a João & Feliciano regressou às feiras em setembro, a começar pela Première Vision Paris. «É muito difícil conseguir novos clientes sem as feiras», admite o CEO, que em Paris sentiu também essa necessidade por parte dos clientes. «Há essa vontade de vir, de ver, de procurar coisas novas», reconhece, adiantando que na manhã do primeiro dia «tivemos mais contactos do que em toda a última edição da feira [em fevereiro de 2020]».

Na coleção de regresso, a João & Feliciano destacou tecidos com características sustentáveis, nomeadamente ao nível das matérias-primas. «Privilegiámos algumas misturas com cânhamo, linho, reciclados… A sustentabilidade ganhou muito mais força com a pandemia», considera o CEO. Os corantes naturais fazem igualmente parte da oferta. «Temos alguns tingimentos naturais que já fornecemos a clientes com bons resultados. Um produto com linho, com cânhamo ou com algodão reciclado e com um tingimento natural, mais sustentável não existe», sublinha.

Duplicar a faturação

Para continuar a crescer, a empresa tem outros investimentos em vista, «mas para já ainda estão só planeados», indica Feliciano Azevedo. «Em termos de capacidade produtiva, neste momento vamos ficar como estamos. Mas precisamos de fazer alguns investimentos no departamento de têxteis-lar, alguns dos quais já estão a ser feitos, porque queremos muito conquistar ainda mais mercado nos EUA», justifica.

Para isso, a equipa comercial tem também crescido e, «se a nossa área comercial tem aumentado, faz sentido que a faturação acompanhe», afirma o CEO. Por isso mesmo, as ambições da empresa são continuar a crescer. «Penso que nos próximos dois anos temos condições para chegar aos 14 milhões de euros. Se dentro de dois anos conseguirmos atingir 14 ou 16 milhões de euros, ficava muito satisfeito e teria, em quatro anos, duplicado a faturação da João & Feliciano», conclui Feliciano Azevedo.