JF Almeida soma e segue na via verde

A completar 42 anos de atividade de um negócio vertical, a JF Almeida é hoje uma referência pelos produtos e acabamentos inovadores assentes na economia circular. Nos últimos três anos, a produtora de têxteis-lar investiu 10 milhões de euros no aumento da capacidade industrial e em iniciativas e soluções para a redução da pegada ambiental.

João Almeida

«Estes 42 anos foram anos constantes de crescimentos e aprendizagem, sempre com o foco na qualidade e no serviço», afirma João Almeida, administrador da JF Almeida.

A produtora de têxteis-lar tem dado cartas no desenvolvimento de acabamentos, entre os quais se destacam os antimicrobianos Cottpure5, o Purity e o Tex4safecare, este último nascido de um consórcio com a Têxteis Penedo e o Citeve.

«Na segurança, desenvolvemos o Neflame. É um acabamento ignífugo para artigos em 100% algodão. Nos técnicos apresentamos o Hydropes, um acabamento desenvolvido para toalhas técnicas, muito utilizado no desporto pela alta capacidade de absorção do poliéster e secagem rápida», revela ao Portugal Têxtil.

Também no tingimento, a JF Almeida tem procurado alternativas mais sustentáveis e naturais como o LandColors e o Infusion. «O LandColors é um processo de tingimento feito com corantes naturais e o Infusion é um desenvolvimento nosso e consiste num tingimento feito com restos de folhas de chá», descreve o administrador.

Do rol dos novos desenvolvimentos, a empresa dispõe ainda do 4Paws, um acabamento que reduz a proliferação de fungos, vírus e bactérias na superfície dos artigos têxteis destinados a animais de estimação, conferindo um toque fresco e agradável e evitando o aparecimento de odores desagradáveis.

«A nível de projetos, a JF Almeida está ainda em finalização do projeto iHeatex, felpos multifuncionais e de hibridização inteligente, que visa a investigação e desenvolvimento de novas estruturas e arquiteturas tridimensionais de felpos multifuncionais e de hibridização inteligente, direcionados para duas tipologias de produtos em felpo para aplicação nos têxteis-lar e hotelaria», adianta João Almeida.

Reciclagem e poupança de água

Com 10% do volume de negócios a ser já proveniente de artigos com matérias-primas recicladas, a empresa introduziu fibras mais sustentáveis, que não eram muito utilizadas em têxteis-lar, como o algodão orgânico, algodão PIMA, liocel, modal, viscose de bambu, linho, cânhamo e fibra de urtiga.

«Os primeiros fios eram fabricados com algodão reciclado e poliéster, contudo, atualmente, o fio 360 já está disponível em várias misturas, como 50% algodão GRS/50% algodão orgânico ou 50% algodão GRS/50% viscose de bambu. Com estas iniciativas, a JF Almeida reduziu o desperdício em 3% e já evitou a utilização de 388 toneladas de algodão virgem, equivalente a 3,88 biliões de litros de água e a 388 toneladas de pesticidas», salienta João Almeida.

A água é um recuso natural que a produtora de têxteis-lar quer preservar e já reutiliza 15% a 20% no processo produtivo, mas o objetivo é alcançar os 50% a 60%. A empresa recolhe e envia as águas industriais, conseguindo através de um tratamento químico reaproveitar parte da água para voltar a integrá-la no processo.

«A JF Almeida tem consciência que para percorrer este “caminho verde” precisa da cooperação dos seus 650 colaboradores. Deste modo a empresa apostou na formação de todos os colaboradores em gestão de resíduos e economia circular, para que todos juntos consigamos alcançar um caminho mais verde», salienta.

Nos últimos três anos, a empresa investiu 10 milhões de euros no aumento da capacidade produtiva e em iniciativas e soluções para a redução da pegada ambiental, entre as quais painéis solares e uma caldeira a bioamassa.

Em bons lençóis

O ano 2020 foi, segundo o administrador, um ano muito atípico, por causa da pandemia. «Tivemos a empresa encerrada 15 dias, com clientes a cancelar e a adiar encomendas, um receio tremendo do que ia acontecer no amanhã. Chegámos a estimar perdas na ordem dos 30% a 40%, o que na realidade, não se veio a comprovar-se e acabamos com uma perda de 6% no volume de negócios», explica João Almeida.

Pelo contrário, 2021 tem corrido de forma excelente a nível da procura por parte dos clientes da produtora de têxteis-lar. «Novos mercados têm-se aberto e, por isso, o volume de negócios vai ser superior a 2019. O problema maior tem sido a temática dos custos industriais e de matérias-primas, que fará com que percamos muita competitividade», aponta.

Com 80% da produção destinada ao mercado externo, a JF Almeida tem assistido ao aumento de quota dos EUA. «Um sector que está a começar a crescer, pois antes estava parado, é a hotelaria. Um mercado muito forte para nós, onde até à data não estávamos a concretizar qualquer negócio, mas que agora vamos reforçar» admite o administrador, ao mesmo tempo que reconhece o mercado técnico como estratégico. «É um nicho de mercado de artigos diferenciados e com mais-valia», conclui.