ITV multiplica investimentos

Empresas de todas as áreas da indústria têxtil e vestuário têm realizado investimentos em eficiência energética, assumindo as vantagens tanto em termos de sustentabilidade como também ao nível da redução dos custos.

José Alexandre Oliveira (Riopele)

A Riopele é uma das empresas empenhadas nesta dupla vertente da eficiência energética, tendo instalado em 2018 uma central fotovoltaica com 2.940 módulos e uma capacidade de um megawatt, num investimento de 800 mil euros. A empresa tem ainda instalado sistemas de iluminação mais eficientes, variadores de velocidade em motores elétricos e sistemas de controlo nos sistemas AVAC e está também a usar energia térmica proveniente de uma cogeração sob a forma de vapor e água quente. De acordo com a informação recolhida pela empresa – que é vertical do fio ao à confeção –, estas mudanças permitiram, por quilo de tecido produzido, reduzir o consumo energético de 5,5 kgep (quilograma equivalente de petróleo) em 2019 para 5,3 kgep em 2020 e de emissões de dióxido de carbono (CO2) de 13,2 kg para 12,8 kg.

A aposta, contudo, deverá prosseguir. «Estamos preocupados com o Acordo de Paris e estamos também a definir metas para baixar as nossas emissões de CO2. Já baixamos muito, já estamos a reduzir em mais de 40% em termos energéticos, mas vamos continuar», afirma José Alexandre Oliveira, presidente-executivo da Riopele.

Ricardo Silva (Tintex)

No caso da Tintex, a renovação do parque de máquinas permitiu baixar o consumo, enquanto a instalação de painéis fotovoltaicos para produção de energia solar garante 25% da energia consumida pela empresa, que tem um grande foco na sustentabilidade. «Esta parte de como é que as empresas fazem, a utilização de químicos e de recursos, água e energia, é cada vez mais um fator-chave e as empresas estão cada vez mais focadas nisso», considera o administrador Ricardo Silva.

Confeção atenta

César Araújo (Calvelex)

Na confeção há igualmente diversos exemplos, como a Calvelex, que usa energia solar nos centros logísticos e converteu a iluminação para LED. A empresa está ainda a trabalhar num projeto para alargar a instalação de painéis fotovoltaicos às unidades produtivas nos próximos anos.

«Vamos efetuar um investimento entre 700 mil e um milhão de euros e prevemos que esteja pago em seis ou sete anos», aponta César Araújo. «Queremos chegar a 2025 com mais de 70% de energia produzida por nós», salienta o administrador da Calvelex, que possui ainda outras iniciativas de sustentabilidade implementadas. «Temos também poupança de água, recolha de águas residuais e temos o Fabrics4Fashion, que é também uma forma de sustentabilidade, que permite que jovens designers comprem pequenas quantidades de tecidos em stock, ao mesmo tempo que estamos a reduzir o desperdício», destaca.

Alfredo Moreira (Baby Gi)

Mais recentemente, a Baby Gi decidiu aumentar as suas valências e criar uma nova linha de produção, que tem em conta questões ecológicas e complementa o investimento em painéis fotovoltaicos. «Fizemos um investimento de 15.000 euros que tem dupla função: produção de energia elétrica e, em simultâneo, sombreamento para três viaturas», explica Alfredo Moreira, cofundador e co-CEO da empresa, que antecipa «uma redução do custo anual de energia na ordem dos 20%» e a amortização do investimento em seis anos. «Acreditamos que a indústria deve acompanhar a necessidade de descarbonização e a melhoria do ambiente, no sentido de sermos uma marca cada vez mais ecológica desde as matérias-primas ao fabrico», resume.

Têxteis-lar acompanham

Simão Gomes (Sampedro)

Nos têxteis-lar, o consumo energético tem um enorme peso nos custos, sentido por empresas como a Sampedro, que nos últimos anos devotou parte de um investimento de cerca de 15 milhões de euros a melhorar as suas credenciais. «Fizemos um parque de fotovoltaicos em 2 mil metros quadrados do edifício e conseguimos diminuir em 7,4% o consumo de energia convencional», revela Simão Gomes, presidente do conselho de administração.

Muitos dos investimentos da empresa, que celebra este ano o seu centésimo aniversário, foram feitos «para a poupança de água, de energia, de produto auxiliares, comprando máquinas de baixa relação. E comprámos também um sistema integrado de medição para monitorização da energia. Hoje em dia devemos andar muito atentos à renovação do parque tecnológico porque é tudo mais disruptivo, como é o caso das estamparias digitais. Uma estamparia digital gasta muito menos em energia térmica, elétrica, pessoal e é muito versátil», exemplifica Simão Gomes.

Exemplos que se juntam aos de empresas como a Expotime, a Triwool, a Fermir, a Adalberto e a Twintex, que têm dado passos firmes na direção da eficiência energética.