ITV acredita no crescimento

Na 25.ª edição do Fórum da Indústria Têxtil, o cenário traçado foi de preocupação pelos números atuais, mas de otimismo face às expectativas de que as dificuldades sejam conjunturais e que, com o apoio do Governo, a ITV atinja as metas traçadas.

Pedro Cilínio [©ATP]

Os números revelados por Ana Paula Dinis, diretora-executiva da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, durante o evento, que teve lugar ontem, 24 de outubro, mostram uma descida nas exportações face ao ano passado, mas, como sublinhou, Portugal está a ganhar quota de mercado nos seus principais mercados face ao ano passado, nomeadamente em França e na Alemanha. «As nossas exportações no ano até julho caíram 12% em quantidade e em valor 5%», indicou.

Ana Paula Dinis [©ATP]
«Apesar da UE no geral – e os mercados de Espanha, França, Alemanha e Itália em particular – terem diminuído as suas importações neste período, a verdade é que Portugal ganha quota. Verificamos que, a quota de Portugal em 2022 [em valor], na UE, era de 1,3% e neste momento, em 2023, é 1,5%», destacou Ana Paula Dinis.

Razões que levam a diretora-executiva da ATP a acreditar que, apesar das dificuldades, a indústria têxtil e vestuário vai atingir o chamado cenário de ouro traçado pela associação para 2030, o qual prevê a existência de mais 5.000 empresas, mais de 120 mil trabalhadores, mais de 10 mil milhões de euros de volume de negócios e mais de 8 mil milhões de euros de exportações no final da década. Atualmente, e de acordo com as estimativas e os dados recolhidos pela ATP, a indústria têxtil e vestuário tem mais de 5.000 empresas, à volta de 128 mil trabalhadores, 8,6 mil milhões de euros de volume de negócios e as exportações superaram os 6 mil milhões de euros em 2022.

«Apesar do momento ser difícil e de todos os dias sermos confrontados com essa realidade nos contactos que temos com as empresas, a verdade é que, apesar de tudo, temos vindo a fazer um bom trajeto. Temos muitos desafios naturalmente pela frente, mas queremos acreditar que o cenário ouro ainda é possível», afirmou Ana Paula Dinis.

Mário Jorge Machado [©ATP]
No discurso do Estado do Sector, Mário Jorge Machado, presidente da ATP, focou igualmente a resiliência da indústria ao longo das últimas décadas, sublinhando a capacidade de inovação e de criar tendências das empresas nacionais, mas também os desafios que se adivinham, nomeadamente a transição para a sustentabilidade, que será fortemente regulada pela UE. «Não vale a pena lutar contra a inevitabilidade, sendo mais compensador fazer da ameaça uma oportunidade, e estarmos envolvidos, como estamos, na configuração das regras, de modo que sejam o mais equitativas possível», sublinhou.

Apesar de uma «visão positiva para o futuro», o presidente da ATP não deixou de solicitar a existência de políticas públicas para mitigar os efeitos negativos da conjuntura, deixando críticas ao funcionamento do banco de Fomento e ao Orçamento de Estado recentemente apresentado, «onde não se encontram medidas de estímulo à atividade económica e à geração de riqueza, estando focado na distribuição, ignorando quem cria valor, quem realiza investimento e quem tem talento e mérito no país». Segundo Mário Jorge Machado, «as empresas querem investir, querem crescer, os empresários acreditam neste país, acreditamos neste sector, e com a ajuda do Governo podemos fazer mais e melhor».

Apoios vão continuar

Um repto que Pedro Cilínio, Secretário de Estado da Economia, aceitou, afirmando que as políticas públicas vão continuar a estar ao serviço da indústria. No seu discurso, o governante salientou que estão a ser mobilizados apoios públicos apoiar as empresas com quebras de produção, como é o caso do Programa Qualifica Indústria, para o qual foi aberto um aviso com uma dotação de seis milhões de euros.

Pedro Cilínio destacou ainda o Programa de formação para clusters de competitividade no PT2030, com dois avisos a abrir em breve, e os avisos do Portugal 2030 para a internacionalização, no valor de 58 milhões de euros, tanto para ações coletivas como para projetos conjuntos e individuais. «No caso dos projetos conjuntos, os avisos estão previstos para novembro, no caso das ações coletivas no início do ano que vem e nos projetos individuais de internacionalização um pouco mais à frente», enumerou.

«Estou convicto que não podemos desarmar, não podemos baixar os braços, porque o caminho tem e ser sempre no sentido da inovação, na aposta na digitalização e na sustentabilidade. Os instrumentos de apoio serão disponibilizados às empresas como foram no passado, e vão continuar a ser, para que as empresas possam aproveitar essas oportunidades, para promoverem essa transformação e poderem garantir a sua competitividade», concluiu o secretário de Estado da Economia.

O 25.º Fórum da Indústria Têxtil realizou-se no Auditório da Câmara Municipal de Barcelos [©ATP]