Carros transparentes, fatos que monitorizam funções corporais, materiais vegan para produzir sapatos… O encontro dos têxteis técnicos com a tecnologia dos transportes, saúde e ecologia tomou conta do segundo dia do iTechStyle Summit, organizado pelo Citeve em colaboração com a Associação Selectiva Moda e a coordenação científica da Universidade do Minho.
«O carro tem que ser mais como a nossa casa e o escritório e ser visto de dentro para fora, com materials smart», afirmou Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, que trouxe o automóvel do futuro até à cimeira dos têxteis, com painéis transparentes, um aspeto clean e integrado.
«Estamos a falar de materiais que se auto-limpam, resistem mais», sublinhou a CEO da TMG Automotive, salientando que a empresa está a trabalhar nesta área, até porque a conservação dos veículos é cada vez mais importante, numa altura em que se aposta em car-sharing. «Temos que pensar no que vamos colocar no carro desde o início. Estamos à procura de materiais funcionais, mas sempre mais ecológicos», ressalvou Isabel Furtado.
Os carros elétricos e a sua importância crescente no mercado também foram debatidos. Júlio Grilo, diretor de engenharia e inovação da Simoldes, deixou alguns alertas quanto a esta questão.
«Não sei se a meta das emissões zero será conseguida. Não está avaliado o efeito desta mudança para os veículos elétricos. Existe lítio e cobalto para isso? As fontes de energia são de que origem? Nuclear, gás e petróleo? Isso não diminui as emissões. E a reciclagem? Não há resposta», garantiu.

Também a ERT está em cima do acontecimento no que diz respeito às mudanças tecnológicas que acompanham as tendências atuais. Fernando Merino, diretor de inovação da empresa deu conta de uma aposta nos sectores ferroviário, em assentos para comboios, e da aviação. Neste caso, a empresa foi já consultada pela TAP e espera que um dia seja possível entrar a sério nesta área.
«Queremos desenvolver novos negócios. Reunimo-nos com os nossos clientes-chave para projetos quem têm como objetivo um futuro não imediato. As empresas de natureza industrial não têm um processo de “intelligence”. Interessa-nos perceber o que é que está a acontecer para, em parceria com os centros de inovação e start-ups atuarmos nos negócios do futuro», explicou.
Têxteis com saúde
A multinacional Adidas está atenta às últimas tendências em saúde, nutrição e desporto. Vincent Lecrosnier, diretor de design da Adidas, reconheceu que a empresa tem «feito uma revolução interna para responder às preocupações do consumidor».

Desde a escolha de materiais a um aumento na transparência do processo de fabrico, a gigante do desporto está a orientar o negócio para uma geração de consumidores mais conectados, preocupados, ativistas e vegan. «A carne está cada vez mais ligada à falta de sustentabilidade. É preciso pensar em produtos sem pele para botas, por exemplo», admitiu.
Na área da saúde, o treinador Paulo Pires, da BeAPTO, defendeu que «o têxtil tem que funcionar como uma camada viva que monitorize as características internas e o meio ambiente. Temos que monitorizar parâmetros físicos, fisiológicos. Monitorizar o sangue, melhorar qualidade de vida dos idosos, numa altura em que há cada vez menos pessoas que possam tomar conta deles. Toda a tecnologia que podemos desenvolver na área do desporto pode ter aplicações médicas no futuro».