Irmãos Rodrigues olha em frente

Painéis solares e novos equipamentos fazem parte dos mais recentes investimentos da produtora de vestuário, que está também a apostar na sustentabilidade, nas certificações e no potencial do mercado americano para crescer.

Hélder Rodrigues

Especialista na confeção de vestuário exterior em malha, a Irmãos Rodrigues está a remodelar e ampliar as suas instalações para melhorar a eficiência da produção e não só. «Estamos a reforçar o acondicionamento térmico do edifício e, numa das ampliações, na cobertura, vamos pôr cerca de 250 painéis que nos vão garantir, aproximadamente, três quartos das necessidades energéticas», explica Hélder Rodrigues, diretor comercial da empresa. «Até ao final do ano já deverá estar instalado», revela ao Portugal Têxtil.

O investimento total, que deverá ascender, em pouco mais de dois anos, a cerca de 1,5 milhões de euros, já contemplou também uma máquina de corte para amostras e estendedores automáticos, que chegaram nos últimos meses à empresa. «Mas o grande investimento está a ser feito na ampliação das instalações ao nível dos showrooms», aponta o diretor comercial da Irmãos Rodrigues, que desvenda ainda que as obras irão contemplar o armazém de malhas e uma reorganização do layout. «O departamento de design, neste momento, não está junto à parte do showroom para os clientes. Achamos importante mantê-los próximos», justifica.

O departamento de design, de resto, tem sido uma mais-valia na atividade da empresa, que contempla corte, confeção e embalagem. «Há já alguns anos que fazemos propostas para uma série de clientes. Com outros clientes trabalhamos no sentido de enviar propostas de materiais ou novas técnicas de estampados ou de bordados – é o serviço mais dinâmico que temos», destaca Hélder Rodrigues.

As preocupações com a sustentabilidade têm igualmente vindo a crescer e, além das questões energéticas, a Irmãos Rodrigues tem vindo a trabalhar na obtenção de certificações. A mais recente, indica o diretor comercial, foi a SA 8000 – uma norma de certificação internacional que incentiva as organizações a desenvolver, manter e aplicar práticas socialmente aceitáveis no local de trabalho –, que ficou concluída no ano passado.

Mão de obra é desafio

Fundada em 1987, a Irmãos Rodrigues procura trabalhar com «clientes que comprem recorrentemente – normalmente são cadeias de lojas, com algum volume», descreve o diretor comercial, que salienta, contudo, que «não conseguimos competir com preços baixos, por isso a gama é mais média-alta e alta».

Esta definição de cliente-tipo levou a empresa, que exporta quase toda a sua produção, direta ou indiretamente, a abrir os horizontes geográficos. Embora a Europa, em particular o Reino Unido, seja, atualmente, o grande destino das peças confecionadas pela Irmãos Rodrigues, a empresa tem estado empenhada em crescer do outro lado do Atlântico. «Decidimos avançar para os EUA após a crise financeira, há alguns anos. Os EUA precisam de uma resposta mais rápida e, como o mercado tem um potencial enorme, achamos que deveria fazer parte da nossa estratégia», esclarece o diretor comercial, que adianta que «temos alguns clientes americanos importantes».

Sujeita, como o resto da indústria, aos altos e baixos do mercado, a diversificação geográfica da produtora de vestuário tem permitido manter uma evolução constante. «O nosso mercado é muito volátil, crescemos com uns, diminuímos com outros», reconhece Hélder Rodrigues. 2018 foi «um bocadinho melhor do que 2017», mas este ano o panorama é menos brilhante. «A projeção para o fim do ano é que 2019 seja ligeiramente pior do que 2018. Mas já cá andamos há muito tempo e tem havido alguns anos assim: há anos piores e há anos melhores», confessa o diretor comercial.

A Irmãos Rodrigues, no entanto, pretende continuar a crescer, apesar de se deparar com um grande entrave: a falta de mão de obra. «Temos cerca de 100 pessoas. Queremos pôr mais costureiras e não estamos a conseguir. Neste momento, o nosso principal desafio é atrair operadoras para as máquinas», assume Hélder Rodrigues.