Ir além do preço

O mesmo não serve toda a gente no que respeita ao aprovisionamento de vestuário e, num ambiente de recessão, é melhor para os retalhistas e marcas olharem ainda com mais atenção para as suas estratégias de aprovisionamento. Mas um aprovisionamento melhor não é simplesmente comprar a um preço mais baixo, de acordo com Sue Butler, directora sénior na Kurt Salmon Associates, a consultora especialista em retalho e artigos de consumo. Em vez disso, tem a ver com alinhar o aprovisionamento com os objectivos estratégicos da empresa, eliminando todas as questões que possam baixar as margens brutas e aumentar a flexibilidade. «Ter uma marca equilibrada é também essencial», acrescentou. No seminário Global Sourcing Skills and Supply Chains (ver 10 vias para o aprovisionamento – Parte 2), Butler afirmou que, «muitas vezes, o sourcing procura apenas comprar os produtos ao preço mais baixo possível, mas a estratégia de sourcing analisa como se consegue o produto com o preço e qualidade certos e de uma forma equilibrada. Um preço de compra baixo pode, às vezes, significar prazos mais prolongados; às vezes é preciso planear com muita antecedência, correr mais riscos com o inventário, porque se está a comprar com mais antecedência, e isso pode significar ter de fazer mais promoções». Ao desenvolver a estratégia de aprovisionamento certa é possível manter as margens e não ser arrastado para um cada vez maior nível de promoções no fim da estação, acredita a especialista. Embora a maior parte dos retalhistas e marcas esteja também a tentar criar uma cadeia de abastecimento mais eficiente que consiga reagir mais rapidamente à procura do consumidor, isso, não surpreendentemente, coloca mais pressão na base de aprovisionamento. «Os retalhistas querem que os fornecedores partilhem alguma da sua dor e estão a pedir mais deles: resposta mais rápida, quantidades mais pequenas e valor acrescentado», explicou. Butler sublinha ainda que os compradores têm igualmente expectativas mais altas, não só de novidades mas no uso de tecnologia, como a Internet, para fazer comparações de preço. «Há uma grande competição na high street e se um consumidor quiser gastar o seu dinheiro consigo é um crime não ter o produto disponível para ele. Disponibilidade é essencial, e isso significa que é preciso planear para ter a certeza que tem o produto certo na altura certa», concluiu.