iParasol cria guarda-sóis 2.0

Iluminação, sensorização, automatização e interatividade com o utilizador, sem esquecer o design, são algumas das características dos guarda-sóis de grande dimensão que estão a ser trabalhados pelos investigadores do CeNTI, pela Flexefelina, pela Têxteis Penedo e pelo Citeve no projeto iParasol.

Os guarda-sóis do futuro poderão servir para mais do que apenas fazer sombra. Esse é, pelo menos, o objetivo do projeto iParasol, que durante 36 meses – de março de 2016 a fevereiro de 2019 – está a dar asas à criatividade e à inovação para desenvolver «estruturas para exterior que se adaptem aos tempos modernos e que tenham mais do que uma simples estrutura de fazer sombra. Desta forma terá algumas tecnologias integradas que lhe permitem ser dinâmico e interagir com as pessoas», revelou Bruno Matos, investigador do CeNTI, ao Jornal Têxtil, num artigo publicado na edição de outubro, que reúne alguns dos projetos que estão a ser desenvolvidos no Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (ver Inovação “made in” CeNTI).

Entre as novas funcionalidades destes guarda-sóis está em estudo a inclusão de sensores para uma gestão autónoma – por exemplo, quando detetar rajadas de vento que ponham em causa a sua integridade, o guarda-sol poderá fechar automaticamente –, integração de um sistema informático que permita comandos à distância por parte de um gestor, efeitos luminosos integrados no têxtil e a possibilidade do utilizador escolher a música que quer ouvir.

«Neste momento estamos a fazer o desenvolvimento dos circuitos onde estão incorporados os sensores que vão estar na estrutura do guarda-sol, na parte superior. Depois existe uma unidade central, um pequeno computador onde vamos fazer a leitura desses sensores e vai estar a comunicar, por exemplo, com uma base», explicou Bruno Matos.

Foco no design

O design também não foi esquecido. «A ideia é que não seja só um mero guarda-sol e que tenha uma funcionalidade decorativa também, que se consiga enquadrar com o design do hotel ou de uma esplanada», afirmou Inês Matos, outra investigadora do CeNTI envolvida no iParasol.

A importância do design para o projeto – coordenado pela Flexefelina, responsável pela estrutura, e tendo como parceiros a Têxteis Penedo (ver No coração da Penedo), responsável pelo têxtil, o CeNTI e o Citeve – ficou comprovada com a realização de um concurso, aberto ao público em geral, que serviu como uma espécie de brainstorming alargado. «Essencialmente, tentámos divulgar em universidades que estivessem mais ligadas a esta componente, porque seria o nosso público alvo de design», referiu Inês Matos ao Jornal Têxtil. «A nossa ideia foi tentar algum conhecimento, ideias novas», destacou.

E o objetivo foi cumprido. «Houve ali pormenores que vieram, de facto, mostrar que aquilo que estávamos a fazer tinha potencial para continuar, mas também que havia outras coisas que estávamos a fazer que, provavelmente, não teriam tanto interesse para continuar ou que teriam menos relevância», avaliou Bruno Matos. «Por exemplo, tínhamos inicialmente descrito vários tipos de geradores, aproveitamentos de energia, geração de energia como solar, eólico e julgo que térmico e depois acabamos por deixar cair o eólico e o térmico e mantivemos só solar», apontou o investigador.

Desafios a superar

Os próximos obstáculos a ultrapassar passam por testar a estrutura têxtil e «perceber se a estrutura têxtil, ao abrir e fechar, vai funcionar, se temos uma estrutura forte», adiantou Inês Matos.

«Estamos numa fase de testes de durabilidade, de funcionalidade. Por exemplo, se o computador que estamos a utilizar atualmente, quando temos muitas coisas a processar – música, pedidos, abrir e fechar, tudo em simultâneo – deixar de responder ou se não tiver a resposta que gostaríamos que tivesse, temos que trocar. São tudo coisas passíveis de sofrer algum tipo de modificação e esse tipo de modificação, automaticamente, introduz um custo. E depois outra coisa que muda é se vamos produzir um, se vamos produzir 50 ou 500. É que isso a nível de componentes eletrónicos tem logo um acréscimo de 10 vezes por cada 100», antecipou Bruno Matos.

No entanto, as expectativas para o projeto, que conta com um investimento elegível de cerca de 944 mil euros, são positivas.

«Vejo muitas vantagens neste guarda-sol, com características para quem está debaixo, numa espreguiçadeira ou num bar, que atualmente não existem. Para além, por exemplo, da possibilidade de carregar os telefones enquanto se está lá ou a possibilidade de poder ouvir uma música específica, a questão do ambiente, da luz, da cor… Conseguir ajustar isso torna-se bastante diferente daquilo que existe atualmente e permite, como utilizador, uma interação e um controlo diferente de qualquer tipo de guarda-sol atual», resumiu Bruno Matos ao Jornal Têxtil.