O Market Pulse, o mais recente relatório trimestral de mercado, emitido pela JLL, que analisa o desempenho de sectores de investimento, escritórios, retalho e habitação, revela que os resultados do mercado imobiliário comercial português no primeiro trimestre de 2021 duplicaram os 90 milhões de euros transacionados no primeiro confinamento.
Na prática, o investimento em imobiliário comercial alcançou os 221 milhões de euros entre janeiro e março, o período referente ao segundo confinamento geral subjacente à crise pandémica.
Perante os resultados, Pedro Lancastre, diretor-geral da JLL, destaca que mesmo com o clima de incerteza vivido na atualidade, a confiança dos investidores é superior. «[Trata-se] de um resultado notável, considerando que a atividade voltou a desenvolver-se num cenário de confinamento geral, o que atrasou diversos processos em curso. Além disso é um montante em mais de duas vezes superior ao transacionado no anterior confinamento, comprovando que, mesmo havendo um fecho generalizado, os investidores encararam este período com maior confiança do que anteriormente, bem como que o apetite pelo mercado português continua forte», afirma o diretor-geral da empresa líder de serviços profissionais especializada em imobiliário e gestão de investimento.
O retalho, no segundo confinamento, impactou negativamente o número de visitantes e as vendas tanto no comércio de rua como nos centros comerciais. O segmento de retalho e a hotelaria, por sua vez, continuam a ser das áreas mais afetadas, mas são responsáveis por 15% do montante investido no valor total, com principal intervenção dos supermercados e hipermercados. Nos centros comerciais, as previsões apontam para um aumento dos descontos extra com um prazo mais alargado.
Os escritórios dominam as operações, correspondendo a 70% do valor investido com a promessa, de acordo com o relatório, de se tornar num dos segmentos mais preponderantes em 2022. A ocupação trimestral de escritórios em Lisboa soma os 29 mil metros quadrados e, por isso, indica uma redução de 34% face ao período homólogo, porém, o mês de março trouxe um novo dinamismo ao mercado.
«Este take-up fica 26% abaixo do registado no primeiro confinamento, mas a absorção do ano passado ainda refletiu a realização de muitas operações pré-covid. Por outro lado, a tendência ao longo do 1.º trimestre de 2021 foi de aceleração da ocupação em termos mensais e de manutenção da renda prime em todas as zonas do mercado», refere a JLL, que pretende criar «oportunidades vantajosas, espaços extraordinários e soluções imobiliárias sustentáveis» para os respetivos clientes, equipas e comunidade.
Sem efeito surpresa
A contrariar o panorama de declínio, o mercado residencial mostrou-se resiliente no início do ano, com atividade dinâmica interna e internacional por parte dos compradores. Neste sentido, registou-se um ajustamento em baixa dos preços, sobretudo em zonas com forte predominância de turistas e maior aquisição para investimento.