O impacto da pandemia foi sentido nas mais variadas áreas de negócio, sobretudo naquelas em que, como é o caso do vestuário de cerimónia, estão diretamente ligadas à concretização de eventos que, como não se realizaram ou foram adiados, afetaram, consequentemente, a colocação de novas encomendas bem como o cancelamento das mesmas. «O nosso forte é a cerimónia de verão e como a pandemia veio em março, estragou-nos o ano por completo. Em março estávamos a começar a ficar no auge das entregas e das repetições», revela Sílvia Marques, uma das sócias da empresa familiar, que opera também em regime de private label, ainda que a Ponto por Ponto tenha a maior representatividade.
Sediada no centro do Porto e com um trabalho «muito minucioso», a empresa entrou em layoff durante quatro meses, mas não consecutivos. «Estivemos [em layoff] em abril, maio, julho e agosto. Habitualmente, trabalhamos muito a partir de março e como as lojas fecharam, não havia serviço», explica ao Portugal Têxtil. «Ficámos sem trabalho e tentámos arranjar opções para o mercado, para não estarmos parados. Começámos a meter-nos no fabrico de batas cirúrgicas, na altura houve roturas de stocks, e depois as máscaras. Conseguimos a certificação e também estamos a fazer máscaras certificadas», conta a empresária.
Atualmente, a empresa Álvaro Ribeiro Marques, detentora da marca de vestuário de cerimónia para bebé e criança, continua a dedicar-se, para além da marca própria e do private label, à produção de batas cirúrgicas e máscaras reutilizáveis, uma ideia implementada também numa missão de solidariedade perante os efeitos nefastos da pandemia. «Surgiu da vontade de ajudar, pois temos vários familiares ligados à área de saúde que não tinham material de proteção. Doámos muito», admite Sílvia Marques.
Expandir e convencer
Com um efetivo de 13 trabalhadores, que contribuem para que a Ponto por Ponto se distinga no mercado pela «qualidade», inovar é o segredo para convencer o cliente, uma vez que a especialista em vestuário de cerimónia está presente em lojas multimarca que, ao reabrirem portas, ainda tinham artigos em stock para vender. «Temos que inovar mais de forma a convencer o cliente a ir ver a nova coleção. Eu só consigo convencer se apresentar alguma coisa diferente e é essa diferença que já integrámos na coleção de verão», assegura Sílvia Marques, apontando a inclusão das máscaras na coleção como uma das inovações. «Incorporámos, na coleção, máscaras a acompanhar os vestidos de cerimónia e já para esta altura está-se a vender», admite.
Portugal representa entre 70 e 80% das vendas da Ponto por Ponto, que tem como meta crescer mais além-fronteiras, como medida para inverter a ligeira queda que a marca tem registado na quota de exportação. O mercado espanhol, que se junta ao leque de mercados da insígnia – França, Reino Unido e Luxemburgo – tem vindo já a aumentar. Além disso, «há uns contactos para os Emirados Árabes Unidos e para a Irlanda», adianta Sílvia Marques. «Também fazemos Itália, que curiosamente nos tem surpreendido no pós-confinamento. Foi um mercado que começou a mexer, surpreendentemente. Espanha também – já me ligaram vários clientes a fazer reposições», acrescenta.
Apesar de estimar uma queda de cerca de 50% no volume de negócios, a empresária garante «continuar com as batas, com as repetições que há e à espera dos pedidos, que já estamos a receber, todos de Itália, para o verão de 2021, para começar a comprar tecidos e a fabricar».