Inovações para o futuro

Segundo o WGSN, 2023 será um ano de inovações em áreas como a higiene, saúde, robótica e o chamado metaverso, que irão mudar a forma como as pessoas criam, consomem e se conectam.

Supernatureza - Galy [WGSN]

O hábito da cura

A cura será uma preocupação essencial e em curso, à medida que os desafios sociais e ambientais a longo prazo levam os consumidores a focar-se em rituais de recuperação.

Os produtos vão rastrear o bem-estar de formas inovadoras. O CaT Pin, da designer Leah Heiss, sediada na Austrália, envia um toque a alguém da família ou amigo se o seu utilizador ficar abaixo de um número de base para taxas de interação saudáveis, para encorajar o cuidado comum.

O grande interior

A casa vai continuar a ser um espaço de santuário, crescendo para um ecossistema mais vasto de atividades e produtos, desde o vestuário de offline – produtos desenhados para não fazer nada, como os conjuntos de camisolas da Baked Collection – a designs que fornecem proteção.  Os consumidores vão encontrar conforto em curvas e o design sensorial será uma ferramenta importante para criar ambientes. Os têxteis aromáticos da Pallavi Padukone, que incluem lavanda e hortelã-pimenta, oferecem uma terapia relaxante. Marcas de moda e lifestyle vão entrar no mundo dos interiores, criando ecossistemas de múltiplos produtos para expandirem a sua abrangência.

A ciência vai salvar-nos

À medida que os consumidores colocam a sua esperança na ciência, vai haver um novo apetite por projetos ambiciosos, onde são feitos grandes investimentos apesar de as possibilidades de sucesso serem reduzidas.

A ciência vai salvar-nos – H&M [WGSN]
Agora é o momento para investir em inovação e desenvolvimento para impulsionar a ambição da marca. A tecnologia será usada de forma criativa para inspirar a esperança e o entusiasmo. Respondendo à atratividade de saber como são feitas as coisas, a máquina de reciclagem em loja da H&M transforma malhas em novos artigos, ao vivo.

Novamente ciborgue

Novamente ciborgues [WGSN/@akaguerri]
Os robôs vão entrar na vida quotidiana, assumindo papéis focados em serviços mas também emocionais e o pós-humanismo irá ressurgir culturalmente e na indústria. Um estudo mundial em 2020 da Oracle e da empresa de recursos humanos Workplace Intelligence concluiu que 82% das pessoas confiam que os robôs podem apoiar a sua saúde mental melhor do que os humanos.

Os consumidores vão ficar cada vez mais confortáveis a usar tecnologia para complementar os seus sentidos e capacidades e, como tal, as marcas poderão explorar como interagir com wearables e até, eventualmente, implantes. A estética inspirada nos ciborgues é também apelativa, sobretudo entre os mais jovens.

Supernatureza

Produtos, alimentos e matérias-primas criadas em laboratório serão comercializados para ajudar a conservar recursos naturais, abrindo novas oportunidades entusiasmantes. A empresa Galy, sediada nos EUA e no Brasil, está a desenvolver algodão cultivado em laboratório, enquanto a marca americana Bolt Threads vai trabalhar com um consórcio de quatro empresas – Adidas, Kering, Lululemon e Stella McCartney – para usar o couro de micélio Mylo em produtos em 2021.

Alargar o outdoor

Com os consumidores a gastarem mais tempo e dinheiro em estilos de vida no exterior, as marcas em todas as indústrias vão entrar na “era do outdoor”.

Alargar o outdoor – Titlenine [WGSN/freyafennwoodphotography]
Áreas emergentes em foco incluem saias de alta performance e “vestidos de aventura” para mulheres e equipamentos de outdoor para iniciantes. A marca americana Arrive Outdoors oferece kits para alugar, que incluem artigos como tendas, sacos-cama e equipamento para cozinhar. A roupa de outdoor está ainda a ganhar popularidade como aconteceu com o streetwear, liderada por parcerias criativas como a colaboração da The North Face com a Brain Dead e uma gama que deverá chegar em breve com a Gucci.

O design social

O design social – Looking for the Masters [WGSN]
Crescentes solicitações para a equidade social vão colocar na ribalta o valor das práticas artesanais e os processos de design sociais, com o input a tornar-se tão importante como o output. Novos sistemas de design serão criados com base em parcerias e vão afastar-se da empatia para o empoderamento.

A colombiana Looking for the Masters procura gerar ligações duradouras entre artesãos e as indústrias da moda e interiores. Além disso, as pessoas querem dar asas à sua criatividade – o designer britânico JW Anderson revelou o seu padrão de camisola depois de se ter tornado viral junto de tricotadores no TikTok.

Redes conscientes

Com os sistemas mundiais a serem reformulados, a tecnologia e o design vão aprender com a inteligência ancestral e as redes interconectadas da natureza. No design de produto, vai haver um foco maior na biodiversidade. Com 40% das espécies mundiais de plantas em risco de extinção, as marcas terão um papel a desempenhar como guardiãs da natureza.

Coletivo e regenerativo

As marcas vão assumir abordagens regenerativas à sustentabilidade, trabalhando em colaboração com outras indústrias e atribuindo aos consumidores mais responsabilidade. «Fazer um progresso real nas mudanças climáticas vai exigir que a indústria se junte… não podemos apenas esperar por soluções – temos de as criar», admite Virginia Rustique-Petteni, diretora sénior de envolvimento e sustentabilidade a Nike.

Coletivo e regenerativo – Patagonia [WGSN]
A marca americana Patagonia, por seu lado, desenvolveu uma nova certificação – Regenerative Organic – que será a mais elevada norma regenerativa do seu tipo. Está atualmente em ensaios-piloto, incluindo em snacks de manga e em algodão para vestuário.

O estilo de vida do ciclo de vida

Modelos emergentes de design vão focar-se no pensamento a longo prazo, ao mesmo tempo que os produtos vão responder aos ciclos dos consumidores – diariamente, mensalmente e a longo prazo – para novos momentos de ancoragem. Alguns produtos nunca vão ser de alguém, vão apenas ser usados. A avaliação dos ciclos de vida será essencial para avaliar o impacto ambiental total de um produto, apoiando o design responsável.

O metaverso

Metaverso – Damara Inglês [WGSN]
Os mundos virtuais vão evoluir no metaverso – um reino digital partilhado que irá impulsionar a cultura e o design, proporcionando novos modos de expressão e de experiência. Os produtos futuros serão livres de vir diretamente da imaginação, sem limites físicos: para o desfile de moda virtual The Fabric of Reality, a designer Damara Inglês queria que os espetadores saíssem da experiência «a sentir que “este é o melhor coordenado que já usei” – sem o terem usado». Noutro exemplo, a loja de retalho social da Burberry em Shenzhen usa um miniprograma WeChat para oferecer conteúdo digital.

A subcultura das emoções

Os estados emocionais dos consumidores vão intersectar-se e ser cada vez mais complexos, gerando uma nova economia criativa com base em sentimentos específicos partilhados. As marcas têm de tecer uma linha para serem bem sucedidas a serem empáticas e não entrarem numa zona cinzenta de crítica à expressão emocional das pessoas.