Inovações com selo nacional

Um exoesqueleto, uma malha produzida com uma mistura com seda portuguesa e uma gola que transmite, com recurso a eletrónica, os batimentos cardíacos do utilizador são alguns dos artigos selecionados para os iTechStyle Awards 2023/2024.

Na categoria de produtos, os finalistas selecionados pelo júri, durante a mais recente edição do Modtissimo, para a próxima edição dos iTechStyle Awards foram uma blusa feita com matérias-primas recicladas e biodegradáveis da autoria de Benedita Formosinho, o blusão de motociclismo desenvolvido pela TMG Textiles no âmbito do projeto ImpacTEX e um exoesqueleto que apoia as costureiras nas tarefas repetitivas produzido pela Pafil.

Lurdes Sampaio, Polopiqué e Inovafil foram as empresas com artigos selecionados na categoria tecidos.

Lurdes Sampaio

No caso da Lurdes Sampaio, a malha é composta por micro liocel e 20% viscose de menta, com propriedades antimicrobianas, respirabilidade e biodegradabilidade. «A malha tem origem numa parceria que temos com a Filasa, com quem desenvolvemos, durante o ano, uma série de produtos», revela, ao Portugal Têxtil, Conceição Sá, CEO da empresa especialista em malhas sustentáveis, que tem incorporado na sua oferta novos artigos feitos a partir de resíduos da indústria agroalimentar.

«Para além da menta temos outros produtos desenvolvidos com resíduos da indústria alimentar – cogumelos, café. Optamos pela menta aqui e achamos que é uma combinação interessante com o liocel, que é também uma fibra sustentável. O conjunto dá uma malha para uma primeira pele com um toque muito macio», acrescenta.

Já a malha selecionada da Polopiqué inclui também liocel em mistura com seacell e seawool – uma combinação de poliéster reciclado a partir de garrafas de plástico e pó de casca de ostra, que atribui propriedades como proteção UV e um toque semelhante ao da lã.

Rui Martins

A Inovafil, por seu lado, viu selecionada a referência Terramori, que inclui 90% de algodão orgânico e 10% de seda portuguesa. «Tivemos o contacto de um produtor de seda nacional e viemos a descobrir que, aqui no Norte de Portugal, temos uma tradição de produção de seda, algo que desconhecíamos», indica Rui Martins, CEO da empresa de fiação. A produção nacional de seda está ainda voltada para outras indústrias que não a têxtil, mas estas primeiras experiências tiveram sucesso e, além de uma pegada carbónica mais pequena, porque o aprovisionamento é local, tem outras vantagens sustentáveis. «Usamos a seda já com os casulos destruídos, a chamada seda da paz, em que o animal sobrevive ao processo», destaca Rui Martins, acrescentando que o artigo tem desencadeado o interesse dos clientes.

Sustentabilidade domina

Eurobotónia

Nos acessórios, a Eurobotónia foi selecionada pelos botões dEco-Print, botões reaproveitados de coleções anteriores e estampados, enquanto a Solinhas mereceu a distinção do júri pelas linhas de costura com a referência Polysol, feita totalmente de poliéster reciclado.

O produto Auracollar da Adalberto foi o terceiro selecionado para os iTechStyle Awards na categoria acessórios. «Esta gola foi idealizada por uma artista plástica portuguesa, a Rueffa, que nos contactou no sentido de saber como é que podíamos conciliar a indústria têxtil e todo o nosso know-how com uma obra para uma exposição que ela está a desenvolver e que vai ser apresentada em outubro deste ano, que tem como tema a “Genialidade da Loucura”», explica Joana Oliveira, diretora de marketing e comunicação da Adalberto, ao Portugal Têxtil.

Joana Oliveira e Hugo Miranda

A gola integra uma PCB (Printed Circuit Board), isto é, um circuito elétrico flexível, «que tem um sistema wi-fi que pode estar ligado a vários sensores, estar conectado, por exemplo, ao relógio e, em tempo real, exprimir a pulsação, medir temperatura, medir o stress e se, tiver sensores a nível neuronal, medir a atividade cerebral», exemplifica Hugo Miranda, diretor de inovação da empresa. Na aplicação na moda, a gola pode permitir mudar a cor de um acessório consoante a música que a pessoa está a ouvir. Basicamente, o produto permite «interagir com o meio que nos envolve e mostrar as nossas emoções e sentimentos», resume Joana Oliveira.

Na última categoria, dedicada à sustentabilidade, foram selecionados artigos da Adalberto (100% poliéster reciclado), RDD (com 50% algodão orgânico e 50% algodão reciclado), Têxteis Penedo (uma mistura em algodão/linho) e Tintex (com uma malha que inclui algodão reciclado, liocel reciclado e linho reciclado).

A estes finalistas juntar-se-ão outros, que serão selecionados na edição de fevereiro do próximo ano. Os vencedores serão conhecidos durante a iTechStyle Summit de 2024.