Inovação e sustentabilidade premiadas

A. Sampaio, Tintex, JOF Leather Labels, Burel Factory e Adalberto foram os vencedores dos iTechStyle Awards 2022/2023, com propostas que se destacaram – entre os 66 tecidos, 30 produtos e 50 acessórios a concurso – pelo seu carácter inovador e sustentável.

Miguel Mendes, Hugo Miranda, António Braz Costa, José Freitas, Cristina Castro, António Amorim, Pedro Cilínio, Isabel Dias da Costa e Pedro Silva

A primeira a subir ao palco montado no jantar da iTechStyle Summit, organizada pelo CITEVE no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, foi a A. Sampaio. A empresa, que no ano passado tinha arrecadado dois prémios, foi desta vez distinguida pela malha Second Chance, que tem uma estrutura «desenvolvida de raiz», explicou Miguel Mendes, diretor comercial da A. Sampaio.

António Braz Costa, Miguel Mendes (A. Sampaio), António Amorim e Pedro Cilínio

«A construção, neste produto em concreto, foi algo que demorou muito tempo e a produção aceitou o desafio da visão que tínhamos para a malha», que além de características de sustentabilidade, tem «uma estrutura com um volume, elasticidade e recuperação superiores ao normal, uma densidade elevada, mas com um toque muito bom, transporte de humidade» e foi pensada para ser usada na produção de leggings de inverno ou casacos. «Claro que depois o design poderá levar a muito mais», salientou Miguel Mendes sobre esta malha circular que mereceu também a distinção como Best Product em Street Sports nos ISPO Textrends Awards. «A aceitação no mercado tem sido muito boa. Já estamos na fase de coleções para vários clientes com utilizações finais diferentes», adiantou.

Pedro e Mário Jorge Silva (Tintex)

Na categoria produto, foi a Tintex que levou o galardão para casa, pelas leggings desenvolvidas no âmbito do projeto Wear2Heal, que além da tricotagem Hata junta ainda o CeNTI, o CITEVE e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. «Este é o primeiro passo para lançar este produto no mercado», acredita Pedro Silva. «É sempre importante ter o reconhecimento do nosso trabalho», sublinhou, ao Portugal Têxtil, o administrador da Tintex, que acrescentou que «para nós é especialmente importante, porque o âmbito do projeto está fora da nossa operação normal. Aqui conseguimos construir um material que depois deu lugar a um produto fora da área da moda, mais na área da saúde e do bem-estar, algo que nós não fazemos. Já tínhamos querido fazer e queremos continuar a fazer, portanto, este reconhecimento dá-nos mais motivação».

Preocupação com o ambiente e as pessoas

Nos acessórios, a etiqueta Eco Recycle da JOF Leather Labels, que tem uma gama de artigos feitos a partir de pele reciclada, mereceu a distinção do júri, enquanto na categoria sustentabilidade – cujo vencedor é escolhido entre as soluções apresentadas no iTechStyle Green Circle – foi premiada a Burel Factory.

António Braz Costa, António Amorim, Isabel Dias da Costa (Burel Factory), Cristina Castro e Pedro Cilínio

«Uma grande surpresa», nas palavras de Isabel Dias da Costa, que lidera a empresa que voltou a pôr o burel nas bocas do mundo. «É um trabalho muito simples, muito pequenino que é reconhecido. Tem muito esforço, tem o empenho de uma grande comunidade e, por isso, para nós é um grande orgulho podermos levar para Manteigas e levar para a nossa fábrica este prémio de sustentabilidade. Para quem está connosco, desde os pastores à equipa toda da fábrica, a equipa das lojas, a equipa dos escritórios, os nossos parceiros, a comunidade em geral que trabalha em prol de recuperar este património e que tem dado tudo para que ele exista e se mantenha, é um grande privilégio», afirmou ao Portugal Têxtil.

«A utilização de um recurso natural como a lã, a utilização dos saberes antigos, das máquinas ancestrais, do passar o conhecimento à juventude, de como esta tradição com inovação e com valorização do que é que a lã, como produto, nos pode levar longe e podemos inovar e criar, olhando para trás, percebemos que fizemos um curto caminho, mas, ao mesmo tempo, um caminho enorme. Mais que tudo, o burel, neste momento, é reconhecido mundialmente, toda a gente sabe o que é e toda a gente já utiliza como um material português, ou seja, já temos muitas entidades e políticos que falam na região centro, na região da Serra da Estrela, que falam no queijo, mas também falam no burel quase ao mesmo nível. Isso, para nós, é extraordinário», constatou Isabel Costa.

Tecnologias vanguardistas

O último prémio, na categoria Smart, que é selecionado entre todos os finalistas, foi entregue à Adalberto pelo poncho realizado com as várias soluções tecnológicas avançadas da empresa. «Este poncho está preparado para a Web3, ou seja, tem várias funcionalidades e tecnologias. Quisemos mostrar que já é possível usar as várias tecnologias de que agora tanto se fala no dia a dia e na têxtil, mais concretamente na produção», justificou Hugo Miranda, diretor de inovação da Adalberto.

Feito numa mistura de poliéster reciclado com algodão orgânico e termocolado para maior conforto, o poncho tem um QR Code que permite a rastreabilidade desde a fibra, graças à plataforma AD-Trace, e apresenta um estampado interior feito com recurso a inteligência artificial, em colaboração com a equipa de design da empresa. Tem ainda um NFT associado que permite ao comprador usar o poncho também em ambientes virtuais, para vestir o seu avatar, por exemplo, no metaverso.

«Além disso tem um sistema superinovador, um sistema OLED que permite ligar e desligar uma luz feita em LEDs orgânicos, realizada em eletrónica impressa, super flexível e com baterias também muito flexíveis. Todo o sistema tem menos de um milímetro, é recarregável e pode ser lavado – é o estado da arte da eletrónica no têxtil», revelou Hugo Miranda. «Acreditamos que fomos os primeiros a nível mundial a conseguir integrar um OLED num produto têxtil», resumiu o diretor de inovação da Adalberto.

Manuel Barros, César Lima, Mário Jorge Machado, Hugo Miranda e Joana Oliveira (Adalberto)