A recuperação da indústria têxtil e de vestuário nos últimos meses, a mudança estrutural na economia, a aposta na inovação que é preciso fazer ou que está já a ser feita pelas empresas do sector e as possibilidades de negócio nos têxteis técnicos e funcionais foram apenas alguns dos temas abordados no XII Fórum da Indústria Têxtil, que reuniu no passado dia 25 de Novembro, em Vila Nova de Famalicão, governo, especialistas e empresários do sector. Durante a sessão, foi deixada uma mensagem de optimismo e confiança no futuro, tanto pelo Governo, representado pelo Secretário de Estado Adjunto da Indústria e do Desenvolvimento, Fernando Medina, como pelos empresários do sector, na voz do presidente da ATP Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, João Costa. Na abertura da sessão, João Costa, no discurso do estado do sector, não deixou de fazer críticas e sugestões de medidas que precisam ser aplicadas pelo Governo para apoiar a indústria têxtil e de vestuário, nomeadamente no que respeita aos elevados custos da energia, ao financiamento das empresas e dos investimentos em I&D e à legislação laboral, mas realçou o bom percurso feito desde Março último. «O sector têxtil e vestuário português evidencia este ano uma clara recuperação relativamente ao ano anterior, sendo que 2009 foi um ano de quebra substancial da actividade. As exportações cresceram, este ano, 4,7% nos primeiros 9 meses, e, a manter-se a tendência iniciada em Março, é previsível que o ano de 2010 apresente um crescimento da ordem dos 6 a 7%», referiu. Fernando Medina, por seu lado, sublinhou a mudança de paradigma da economia portuguesa, destacando as mudanças estruturais ao nível dos novos modelos de financiamento, à conjuntura internacional, à implementação da inovação ao nível das empresas e a necessidade de manter um discurso positivo do sector para que a indústria têxtil e de vestuário possa prosperar. «Acredito que podemos ter no fim de 2011 uma agradável surpresa como estamos a ter neste final de ano», indicou. O XII Fórum da Indústria Têxtil, subordinado ao tema Inovação Tecnológica da ITV: Diferenciar e Ganhar Valor, recebeu ainda Paulo Vaz, director-geral da ATP, que fez um retrato da ITV portuguesa actual, e Lutz Walter, da Euratex, que mostrou os investimentos feitos no âmbito da União Europeia na área da Investigação e Desenvolvimento. O caso da empresa portuguesa P&R Têxteis trouxe a visão empresarial da inovação no sector. «Começamos a introduzir a inovação nos produtos, processos e tecnologias com o objectivo de fugir à concorrência. A inovação deve ter um objectivo e sentimos seriamente que estávamos quase em vias de extinção», revelou o administrador desta empresa de Barcelos, Duarte Nuno Pinto. A P&R Têxteis, que até 1994 era de carácter tradicional, com a produção de t-shirts e sweatshirts, produz agora vestuário para grandes campeões olímpicos, desde o jamaicano Usain Bolt, medalha de ouro nos 100m e 200m em Pequim, aos campeões portugueses Nélson Évora, no triplo salto, e Vanessa Fernandes, no triatlo. A empresa, com cerca de 200 trabalhadores, criou ainda uma marca própria a Onda que equipou a comitiva nacional nos Jogos Olímpicos de Pequim e irá lançar no mercado uma bicicleta com a sua marca própria. Hélder Rosendo, sub-director do Citeve, focou os principais mercados dos têxteis técnicos e funcionais, nomeadamente o Habitat, Saúde e Bem-estar, Mobilidade, Equipamentos de Protecção Individual e Desporto e Lazer, apresentando os projectos do centro tecnológico português nestas áreas, ao qual, mais tarde, Braz Costa, director-geral do Citeve, deu continuidade com a apresentação de um roadmap para a inovação na indústria têxtil e vestuário portuguesa. Para Daniel Bessa, presidente da Cotec, «esta terá sido uma das mais fascinantes edições do Fórum. Nunca como hoje senti que não se pode falar de um sector tradicional. Aquela indústria têxtil que nós conhecemos já acabou e quem não saiu daí é um morto-vivo e não vai durar muito. Não tenho a menor dúvida que a inovação é o caminho a seguir».