Inovação alimenta crescimento

Os desenvolvimentos na área dos materiais são essenciais para impulsionar o crescimento da indústria têxtil e vestuário, sobretudo numa altura em que o sourcing e a economia estão a passar por dificuldades.

[©Aitex]

A Lux Research, uma empresa americana de pesquisa e informação, afirma que a baixa tolerância ao custo e aos ciclos rápidos de produto tornam a inovação nos materiais um desafio, mas tanto as marcas como os consumidores estão a exigir mudança e a criar novas oportunidades para inovar.

O estudo “Emerging Materials Opportunities for the Apparel Industry” enumera quatro megatendências que estão a impulsionar esta mudança: a necessidade de sustentabilidade, funcionalidade e diferenciação, minimização dos riscos da cadeia de aprovisionamento e a tendência para a personalização.

«Embora estas quatro megatendências estejam a estimular a mudança na indústria a longo prazo, as empresas precisam de soluções agora para responder a mudanças de políticas e às exigências dos consumidores», afirma Michael Holman, vice-presidente de pesquisa na Lux Research.

Segundo David Parkes, fundador da empresa Concept III, especialista no desenvolvimento de têxteis de performance, a pandemia estimulou o desenvolvimento de produto para outerwear e activewear. «O nosso envolvimento aumentou como resultado desta crise. À medida que a indústria ganha de novo confiança e dinamismo, estará muito focada em procurar novos têxteis e tecidos de performance. O consumidor será discricionário no seu consumo e vai querer algo novo e trending. É nisso que estamos focados», revelou ao Sourcing Journal.

ConceptIII [©ConceptIII]
A empresa está, por isso, a apresentar novos tecidos e laminados da Dry-Tex na coleção para a primavera-verão 2022 e encontra-se a desenvolver novas malhas para o outono-inverno 2022/2023 com liocel, lã e poliamida. Para David Parkes, a indústria de outdoor «foi muito afetada pela crise, mas também está idealmente posicionada para uma resposta positiva do consumidor, já que parece que este vai adotar mais atividades ao ar livre».

Das fibras aos revestimentos

As principais inovações têxteis incluem avanços nas fibras, melhorias funcionais, incluindo têxteis inteligentes e revestimentos especiais de materiais, e opções de reciclagem no fim de vida para materiais celulósicos e em poliéster.

«Os revestimentos e acabamentos funcionais abrem oportunidades a curto prazo, nos próximos um a dois anos, enquanto as inovações nas fibras, tingimento sem água e têxteis inteligentes devem ser vistos como oportunidades a longo prazo», aponta Holman.

Os revestimentos funcionais estão mais vocacionados para o vestuário de performance, artigos de desporto e outdoor e têxteis para automóveis. «Aditivos que fornecem melhorias de performance e diferenciação já estão prontos para o mercado e as empresas químicas podem beneficiar de fornecer produtos de base biológica e menos perigosos que respondem à procura das marcas e dos consumidores», explica o vice-presidente da Lux Research.

Reciclagem e sustentabilidade

Já as oportunidades de reciclagem para o poliéster e materiais celulósicos surgem a médio prazo. Embora a reciclagem de poliéster esteja próxima de ser escalável, é necessário ainda melhorar a logística da cadeia de aprovisionamento e ter material de melhor qualidade para efetivar essa solução, refere o estudo.

Michael Holman [©Lux Research]
Já a reciclagem de materiais à base de algodão está a ser impulsionada por regulamentação governamental e consórcios corporativos, dando às empresas a oportunidade de desenvolver opções de reciclagem pós-consumo que capitalizam futuras oportunidades, sobretudo na UE, que está a liderar em termos de infraestruturas de separação de resíduos.

«Apesar das inovações nas fibras estarem ainda a alguns anos de distância, as empresas químicas podem beneficiar da criação de parcerias com start-ups para ajudar a escalar e validar novas tecnologias de fibras», admite Michael Holman, reconhecendo que «desenvolver materiais alternativos amigos do ambiente pode ajudar as marcas a diferenciar-se através da atual tendência de sustentabilidade».