A Lux Research, uma empresa americana de pesquisa e informação, afirma que a baixa tolerância ao custo e aos ciclos rápidos de produto tornam a inovação nos materiais um desafio, mas tanto as marcas como os consumidores estão a exigir mudança e a criar novas oportunidades para inovar.
O estudo “Emerging Materials Opportunities for the Apparel Industry” enumera quatro megatendências que estão a impulsionar esta mudança: a necessidade de sustentabilidade, funcionalidade e diferenciação, minimização dos riscos da cadeia de aprovisionamento e a tendência para a personalização.
«Embora estas quatro megatendências estejam a estimular a mudança na indústria a longo prazo, as empresas precisam de soluções agora para responder a mudanças de políticas e às exigências dos consumidores», afirma Michael Holman, vice-presidente de pesquisa na Lux Research.
Segundo David Parkes, fundador da empresa Concept III, especialista no desenvolvimento de têxteis de performance, a pandemia estimulou o desenvolvimento de produto para outerwear e activewear. «O nosso envolvimento aumentou como resultado desta crise. À medida que a indústria ganha de novo confiança e dinamismo, estará muito focada em procurar novos têxteis e tecidos de performance. O consumidor será discricionário no seu consumo e vai querer algo novo e trending. É nisso que estamos focados», revelou ao Sourcing Journal.
Das fibras aos revestimentos
As principais inovações têxteis incluem avanços nas fibras, melhorias funcionais, incluindo têxteis inteligentes e revestimentos especiais de materiais, e opções de reciclagem no fim de vida para materiais celulósicos e em poliéster.
«Os revestimentos e acabamentos funcionais abrem oportunidades a curto prazo, nos próximos um a dois anos, enquanto as inovações nas fibras, tingimento sem água e têxteis inteligentes devem ser vistos como oportunidades a longo prazo», aponta Holman.
Os revestimentos funcionais estão mais vocacionados para o vestuário de performance, artigos de desporto e outdoor e têxteis para automóveis. «Aditivos que fornecem melhorias de performance e diferenciação já estão prontos para o mercado e as empresas químicas podem beneficiar de fornecer produtos de base biológica e menos perigosos que respondem à procura das marcas e dos consumidores», explica o vice-presidente da Lux Research.
Reciclagem e sustentabilidade
Já as oportunidades de reciclagem para o poliéster e materiais celulósicos surgem a médio prazo. Embora a reciclagem de poliéster esteja próxima de ser escalável, é necessário ainda melhorar a logística da cadeia de aprovisionamento e ter material de melhor qualidade para efetivar essa solução, refere o estudo.
«Apesar das inovações nas fibras estarem ainda a alguns anos de distância, as empresas químicas podem beneficiar da criação de parcerias com start-ups para ajudar a escalar e validar novas tecnologias de fibras», admite Michael Holman, reconhecendo que «desenvolver materiais alternativos amigos do ambiente pode ajudar as marcas a diferenciar-se através da atual tendência de sustentabilidade».