Inovação a Oriente

Uma mão-cheia de produtores altamente especializados e de tecelões de Tango, na região da antiga capital do Japão, Quioto, deslocaram-se a Paris para mostrar as suas inovações, que combinam a tradição de séculos com as últimas novidades em nanotecnologia. Tango é, hÁ muito, famosa pelos seus têxteis, pois possui um clima húmido que favorece a produção de seda, especialmente a chamada “chirimen” usada nos quimonos. Mas os avanços tecnológicos estão a levar à criação de novos produtos com potencial interesse fora do Japão. Primeiro foi o produtor de automóveis Nissan que se interessou pela borboleta Morpho, que habita numa Área ao longo do Rio Amazonas. A sua cor azul-cobalto brilhante na verdade não contém pigmento azul: este é percepcionado pela forma como reflecte a luz. A Nissan e a Teijin Fibres decidiram, então, explorar a possibilidade de imitarem as propriedades da borboleta para um novo tipo de tinta de automóvel, mas acabaram antes por desenvolver um novo material brilhante – o Morphotex. Sem corantes nem pigmentos, cria a ilusão de cor sob o efeito da luz graças à estrutura das suas fibras. Usando a nanotecnologia para controlar a espessura das fibras, o tecido apresenta variações de vermelho, verde, azul e roxo. A Toyota Tsusho, o “braço” têxtil da construtora de carros, também usou a nanotecnologia para desenvolver uma técnica de tecelagem de fios de ouro e prata para tecido denim de luxo, que acredita poderÁ ter futuro na alta-costura. Novas técnicas estão também a permitir que pequenos artesãos inovem e diversifiquem», afirmou Kyoji Tamiya da Tamiya Raden, cujo pai desenvolveu uma forma de tecer com madrepérola. Tecido usado sobretudo para atar o quimono e que custa mais de 350 euros por metro, Tamiya tenta agora aplicÁ-lo na produção de carteiras. JÁ o pai de Mitsuyasu Koishihara, “ressuscitou” a técnica ancestral de produzir têxteis a partir de ramos de glicínias da montanha. Fabricados em tempos idos por todo o Japão, a chegada do algodão levou ao seu declínio e posterior desaparecimento em quase todas as regiões do país, com excepção da região de Tango. Como conta Koishihara, um dia o meu pai viu uma mulher japonesa do mar (tradicionalmente são as mulheres que mergulham à procura de conchas no Japão) que tinha uma mala feita de algo que ele não reconheceu. Ela disse-lhe então que era de glicínias». Outras inovações mostradas em Paris incluem sedas que mantêm a rigidez original com que os insectos se protegem da luz ultravioleta, que normalmente se perde no processo de produção, e algodão extra-suave com uma espessura maior do que em qualquer outra parte do mundo.