Indústria transformadora perde confiança

O défice da balança comercial de Portugal aumentou 77,4% nos primeiros sete meses do ano, para 16,14 mil milhões de euros, em comparação com igual período de 2021. Os números mais recentes do INE mostram ainda uma queda no indicador de confiança da indústria transformadora em setembro.

A evolução da balança comercial portuguesa reflete, de acordo com a análise dos dados preliminares disponíveis no Instituto Nacional de Estatística (INE), uma subida de 25,1% no total das exportações portuguesas de bens, enquanto as importações cresceram 35,4% no conjunto do período de janeiro a julho.

Excluindo os “combustíveis e lubrificantes”, o défice da balança comercial de Portugal situou-se em 9,44 mil milhões de euros, evidenciando um agravamento de 42,5% em relação ao valor registado em 2021. Este resultado surge na sequência de uma subida de 20,9% nas exportações e de um acréscimo de 24,4% no valor das importações. Excluindo os produtos energéticos e com base na perspetiva dos desempenhos por região, verificou-se, no conjunto do período de janeiro a julho, uma subida homóloga de 21,1% no valor das exportações destinadas ao mercado intracomunitário, enquanto as exportações destinadas ao mercado extracomunitário cresceram 20,4%. Do lado das importações de Portugal, as provenientes de mercados intracomunitários registaram uma subida de 19,0%, enquanto as provenientes de origens extracomunitárias aumentaram 46,7%.

Em termos específicos para a indústria têxtil e vestuário, analisando a evolução em período homólogo do índice de volume de negócios na indústria (INE) para o mês de julho, a análise do CENIT evidencia uma subida de 10,0% no sector do vestuário. Ao nível das indústrias transformadoras foi registada uma subida de 25,7% em relação ao mês de julho de 2021. Em termos da evolução em cadeia, foi evidenciada uma subida de 29,3% no sector do vestuário, sendo registada uma subida de 0,7% nas indústrias transformadoras.

Análise do CENIT com base nos dados do INE

Quanto à evolução em período homólogo do índice de produção industrial (INE) para o mês de junho, evidencia-se uma descida de 13,9% no sector têxtil. Ao nível das indústrias transformadoras foi registado um aumento de 5,2% em relação ao mês de junho de 2021. Em termos da evolução em cadeia, houve uma descida de 8,6% no sector têxtil, tendo-se verificado uma descida de 5,4% nas indústrias transformadoras.

Emprego e preços sobem na ITV

Os dados para a variação homóloga do índice de emprego na indústria (INE) evidenciaram em julho uma subida de 1,6% no sector têxtil e de 1,9% no sector do vestuário. Nas indústrias transformadoras foi registada uma subida de 3,0%. Relativamente à variação em cadeia, entre os meses de junho e julho, o índice de emprego na indústria aumentou 0,3% no sector têxtil e 0,8% no sector do vestuário, tendo registado um crescimento de 0,9% nas indústrias transformadoras.

De acordo com os dados do INE para a variação homóloga do índice de horas trabalhadas na indústria, em julho verificou-se uma descida de 4,2% no sector têxtil e de 2,5% no sector do vestuário, enquanto nas indústrias transformadoras a variação foi praticamente nula em relação a igual período de 2021. Ao nível da variação em cadeia, foram sentidas, entre junho e julho de 2022, subidas de 2,7% no sector têxtil e de 6,6% no sector do vestuário, enquanto nas indústrias transformadoras verificou-se um aumento de 3,3%.

O índice de preços na produção industrial (INE) registou, em termos homólogos no mês de julho, uma subida de 11,9% ao nível do sector têxtil e um aumento de 1,3% no sector do vestuário, em relação a igual período de 2021. Este indicador teve uma subida homóloga de 25,9% ao nível das indústrias transformadoras. Na variação em cadeia, entre os meses de junho e julho, verificou-se uma alteração positiva de 0,2% no sector têxtil e de 0,1% no sector do vestuário, enquanto nas indústrias transformadoras o índice registou um crescimento de 1,5%.

Relativamente à variação homóloga do índice de preços no consumidor (INE), foi registada no mês de agosto uma subida de 6,8% ao nível dos têxteis de uso doméstico e uma descida de 1,7% nos artigos de vestuário. Analisando a evolução em cadeia, na comparação com o mês de julho, foi registada em agosto uma descida de 0,2% nos têxteis de uso doméstico e uma descida de 9,2% nos artigos de vestuário.

O indicador de clima económico do INE registou em setembro (+1,6%) uma nova descida da perceção do clima económico por parte das empresas, uma tendência que se verifica desde o mês de maio. Também o indicador de confiança da indústria transformadora do INE acentuou em setembro a perceção negativa das empresas (-6,0%), reforçando a tendência verificada no mês anterior (-5,3%).