Os retalhistas enviam grandes volumes de vestuário de centros de produção em países como a China, o Vietname e o Bangladesh para consumidores em todo o mundo, contribuindo significativamente para as emissões de carbono.
Segundo o estudo “Sustainability and Circularity in the Textile Value Chain: A Global Roadmap” do Programa das Nações Unidas para o Ambiente publicado em maio, estima-se que a indústria têxtil seja responsável por 2% a 8% das emissões globais de gases com efeito de estufa.
O sector dos transportes marítimos, que tem como objetivo atingir emissões zero até 2050, começou a oferecer combustíveis com emissões mais baixas, como biocombustíveis feitos a partir de óleo alimentar e alimentos descartados ou metanol produzido a partir de fontes renováveis como alternativa ao fuelóleo.
A indústria da moda representou 26% dos mais de 240 mil contentores que a Maersk transportou no ano passado com recurso a biocombustíveis ao abrigo dos seus contratos ECO Delivery, sendo o principal sector a utilizar este serviço de combustível de baixas emissões, indica a empresa.
«Muitas das marcas de moda são as que estão fazer esta escolha», declarou Josué Alzamora, diretor de lifestyle vertical da Maersk, à Reuters, à margem da Global Fashion Summit. «Claro que as empresas de moda também estão a sentir a pressão dos consumidores», acrescentou.
Cerca de um em cada 10 contentores para marcas de moda geridos pela Maersk foram transportados com recurso a biocombustíveis no ano passado, indicou Josué Alzamora.
H&M usa biocombustíveis
Muitas marcas de moda e outros retalhistas estão a procurar responder às questões ambientais levantadas pela sua base de consumidores, muitas vezes composta por jovens com algum poder de compra, comprometendo-se a reduzir as emissões e a reduzir o seu impacto climático.
A H&M, a segunda maior retalhista de moda do mundo, anunciou em 2022 que nos dois anos anteriores comprou biocombustíveis para uma «parte significativa» dos seus transportes marítimos, confirmando a ambição de ser positiva para o clima até 2040. «A H&M foi uma das primeiras empresas a juntar-se a nós na jornada do biocombustível», revelou Josué Alzamora.
Os bicombustíveis podem reduzir as emissões dos transportes marítimos de contentores em mais de 80% em comparação com o combustível convencional. Contudo, no ano passado, os navios movidos a biocombustível representaram apenas 2% do volume total de transporte marítimo da Maersk.
A empresa encomendou, no entanto, 25 navios concebidos para funcionar a biocombustíveis, com a primeira entrega agendada para setembro. No total, indicou a Maersk, as empresas de transportes marítimos compraram mais de 100 navios capazes de utilizar quer fuelóleo quer metanol, mas, destacou a empresa, o abastecimento de combustíveis sustentáveis como o metanol continua a ser um desafio, uma vez que se encontra numa fase inicial de desenvolvimento.
«A indústria da moda ajuda-nos a avançar quando se trata de obter mais metanol», realçou Josué Alzamora, apontando para um aumento da procura de alternativas por parte desta indústria, que é uma das mais importantes para o transporte de contentores.