O projeto mobilizador, que juntou, num consórcio liderado pela Bosch e pela Universidade de Aveiro, um total de 22 entidades, incluindo o CeNTI, a Ikea e a Lavoro, apresentou, no passado dia 20 de setembro, os seus resultados, onde se incluem soluções inovadoras nas áreas de ergonomia industrial e robótica, data science, IIoT (Internet Industrial das Coisas)/5G e realidade virtual e aumentada.
As tecnologias desenvolvidas no âmbito do projeto Augmanity antecipam o futuro da Indústria 4.0 e potenciam uma maior competitividade da indústria e produção em Portugal. Com um valor de investimento de 8 milhões de euros, estiveram envolvidos neste projeto cerca de 275 técnicos e investigadores das várias empresas e entidades do consórcio.
«Desde o primeiro momento apresentámos o Augmanity como sendo um projeto muito ambicioso com o objetivo de antecipar o futuro na indústria, não só das fábricas, mas do trabalho em geral, tanto a nível dos processos industriais, como até mesmo dos processos de negócio», explica Nelson Ferreira, responsável pela área da Indústria 4.0 na Bosch, que adianta que, «tal como o próprio nome evidencia – Augmented Humanity ou humanidade aumentada», um dos eixos principais do projeto «tem a ver com a visão sobre a importância do fator humano neste processo de transformação industrial. O resultado são tecnologias de ponta naturais e que representam uma mais-valia para o chão de fábrica».
Do Augmanity «resultam tecnologias e ferramentas que tornam os processos industriais mais eficientes, menos impactantes na saúde dos trabalhadores e que preparam os recursos humanos para uma nova realidade industrial. Além disso, este projeto tem desde início o objetivo de potenciar o reconhecimento de Portugal como um verdadeiro centro de inovação a nível mundial na Indústria 4.0 capaz de exportar tecnologia», sustenta Nelson Ferreira.
Tecnologias aplicadas
No âmbito do machine learning e inteligência artificial, foram desenvolvidas soluções na área da analítica preditiva para a indústria 4.0 que potencia a utilização de sensores para antecipar necessidades de manutenção e otimizar linhas de produção.
Já no domínio da ergonomia industrial e robótica, foram criados vários sensores e wearables, desde sapatos inteligentes que dão indicações sobre a distribuição do peso e a postura a coletes com sensores que recolhem informações sobre a posição do tronco ou dos ombros, a temperatura corporal ou a tensão arterial, assim como exoesqueletos que auxiliam nas tarefas mais exigentes. «O objetivo é que a informação recolhida por estes sensores, depois analisada, possa ajudar a prevenir lesões e outras questões musculosqueléticas», refere uma notícia da Universidade de Aveiro.
Do projeto resultaram ainda a utilização de sistemas de visão artificial para gerir equipamentos no chão de fábrica e recurso a óculos de realidade aumentada para consultar os dados vitais de uma máquina e melhorias ao nível dos recursos humanos. «As várias ferramentas desenvolvidas permitem centralizar num software para ter trabalhadores mais eficientes e saudáveis, potenciando um melhor conhecimento do trabalhador e das condições para que as pessoas se sintam valorizadas, assim como também possibilita o desenvolvimento e adequação dos processos produtivos de acordo com as características da população ativa», resume a Universidade de Aveiro.