Inditex testa liocel sem árvores

A retalhista espanhola Inditex assinou um memorando de entendimento com a empresa australiana de nanotecnologia Nanollose para usar amostras de liocel feito sem recurso a polpa de madeira e, posteriormente, comprar quantidades mais elevadas deste material, fabricado a partir de resíduos da indústria agroalimentar.

[©Nanollose]

Sob este entendimento, a Nanollose Limited e a Inditex concordam na entrega não-exclusiva de amostras de liocel Nullarbor, que é produzido sem recurso a árvores, provenientes do atual programa-piloto com a Birla Cellulose.

Durante a fase piloto do desenvolvimento de produto, a Nanollose vai trabalhar com a Inditex, fornecendo amostras de vários materiais para testar e desenvolver protótipos com o objetivo de fazer com que a Nanollose tenha um feedback comercial. Com o memorando, «a Nanollose tem agora o benefício de trabalhar juntamente com a Inditex, recebendo o seu feedback para melhorar e refinar os produtos da Nanollose antes de qualquer potencial comercialização futura», indica a empresa australiana em comunicado.

Em contrapartida, a empresa espanhola terá acesso antecipado aos materiais da empresa para determinar o potencial uso nas suas várias marcas.

O liocel Nullarbor é, alegadamente, mais fino do que a seda e significativamente mais resistente do que o liocel convencional, que é habitualmente produzido a partir de polpa de madeira. A Nanollose usa um processo de fermentação amigo do ambiente para obter as fibras, com base em vários fluxos de matérias-primas proveniente da indústria agroalimentar.

O processo dura apenas 18 dias e a fibra pode ser transformada em fio e tecido usando os equipamentos convencionais. «Demonstrámos que a nossa fibra de viscose sem árvores pode ser usada da mesma forma que outras fibras habitualmente aplicadas para fabricar têxteis e vestuário, sem uma pegada ambiental pesada», revela Wayne Best, presidente-executivo da Nanollose. «Acreditamos que somos a única empresa a produzir fibras de viscose sem árvores, a partir de resíduos, e chegamos agora a um ponto em que a nossa tecnologia está a sair do laboratório e a entrar nas fábricas. Assim que conseguirmos essa escala, os produtores terão disponível uma opção alternativa amiga do ambiente», afirma.

[©Nanollose]
As amostras iniciais dos materiais serão fornecidas à Inditex sem custos. Subsequentemente, quantidades maiores serão fornecidas a um preço que será acordado na altura por ambas as partes tendo por base fatores como a percentagem de celulose microbiana na fibra, a forma como é fornecida – em fibra, em fio ou em tecido – e custos associados com o tingimento e acabamento.

A Nanollose salienta que o memorando de entendimento com a Inditex é indicativo do «interesse e procura significativos por soluções sustentáveis na indústria têxtil e da moda e a vontade e empenho de líderes da indústria como a Inditex para procurar e apoiar inovações sustentáveis que a Nanollose tem para oferecer».

No mês passado, a Inditex estabeleceu um acordo de fornecimento de três anos com a Infinited Fiber Company, onde se comprometeu a comprar 30% da futura produção da fibra Infinna, uma fibra têxtil que pode ser produzida a partir de 100% resíduos têxteis, num negócio avaliado em mais de 100 milhões de euros.