Inditex perde vendas mas garante lucro

A gigante espanhola registou um declínio de 10% das vendas no terceiro trimestre, mas, apesar da queda face a 2019, continua a lucrar, tendo somado lucros líquidos de 866 milhões de euros entre agosto e outubro. Os confinamentos em novembro, contudo, podem voltar a ensombrar os números de 2020.

Zara [©Inditex]

No terceiro trimestre, a Inditex teve vendas no valor de 6,1 mil milhões de euros, em comparação com 7 mil milhões de euros no mesmo período do ano passado, o que representa uma quebra de 10% a câmbios constantes, mas uma forte recuperação face aos trimestres anteriores, em que sentiu uma quebra de 31% no segundo trimestre e de 44% no primeiro semestre.

No total, nos primeiros nove meses de 2020 o grupo espanhol registou vendas de 14,1 mil milhões de euros, em comparação com 19,8 mil milhões de euros em igual período de 2019.

Em termos de lucros líquidos, a empresa gerou 866 milhões de euros neste trimestre, permitindo que, no total dos primeiros nove meses do ano, a empresa detentora da Zara evidencie um lucro de 671 milhões de euros.

Estes valores foram conseguidos apesar de 5% das lojas físicas do grupo terem estado encerradas entre agosto e outubro e 88% terem continuado «a enfrentar limitações significativas em termos de espaço, horários ou capacidade», refere o comunicado da Inditex, que ressalva ainda que «as vendas em moedas locais entre 1 e 18 de outubro atingiram os níveis recorde registados no mesmo período de 2019».

Pablo Isla [©Wikimedia Commons/Carlos Ventura]
Para Pablo Isla, presidente-executivo da Inditex, «estes resultados são a consequência direta de uma gestão eficiente em todas as áreas da empresa, com uma coordenação completa entre cada elo do modelo de negócio: design, produto, produção, logística, lojas e online. São também prova da capacidade do grupo de reagir e adaptar-se continuamente a um ambiente imprevisível e do seu empenho para oferecer produto, qualidade e serviço imbatíveis».

Em novembro, com 21% das lojas fechadas devido às novas restrições impostas por diferentes governos, as vendas em moeda local ficaram-se por 81% das observadas em novembro de 2019, uma taxa que subiu para 87% entre 1 e 10 de dezembro. Atualmente, a Inditex mantém 8% das suas lojas fechadas, com mais 10% a ter de encerrar ao fim de semana.

Um dos pontos fortes da retalhista tem sido as vendas online, que se mantiveram robustas e verificaram um aumento de 76% a taxas de câmbio constantes no terceiro trimestre e de 75% nos primeiros nove meses do ano. As diferentes insígnias do grupo têm já vendas online em mais de 200 mercados.

Melhor do que a concorrência

Pippa Stephens, analista de retalho na GlobalData, considera que a especialização da Inditex em vestuário a torna altamente suscetível aos impactos da pandemia.

«Embora os piores dos seus problemas tenham estado concentrados no início do surto, em que os consumidores tiveram pouca necessidade de novo vestuário já que ficaram em casa, a sua performance no terceiro trimestre mostra uma resiliência impressionante, com as vendas a terem uma queda relativamente modesta», afirma, citada pelo just-style.com. «À medida que o apetite do consumidor por moda começa a recuperar, a Inditex foi bem sucedida a manter a sua desejabilidade com uma reação promissora às suas coleções para o outono-inverno 2020 e longas filas vistas à porta das suas lojas», acrescenta, focando o aumento da oferta da loungewear na Zara.

Massimo Dutti [©Inditex]
«A Massimo Dutti deverá ter sido a que teve pior performance na Inditex, já que o vestuário formal saiu das preferências dos consumidores devido à falta de eventos e ao aumento do trabalho a partir de casa. O grupo também reduziu o seu inventário em 11% nos últimos nove meses, destacando a eficiência da sua cadeia de aprovisionamento, com muitos players de vestuário, como a M&S e a Gap, atualmente a debaterem-se com o excesso de stocks devido a uma procura menor pelos seus produtos», realça Pippa Stephens.

A H&M anunciou também ontem, 15 de dezembro, que as vendas no quarto trimestre – que compreende o período entre setembro e novembro – baixaram 10% em moeda local, para 52,54 mil milhões de coroas suecas (cerca de 5,2 mil milhões de euros). Para o ano completo, a retalhista sueca registou uma queda de 18% das vendas em moeda local, para 187,03 mil milhões de coroas suecas.