De acordo com os dados recolhidos pela Moda.es, os três grandes grupos espanhóis de retalho de moda parecem ter conseguido desemparelhar, pelo menos parcialmente, o crescimento do seu volume de negócios da produção. A Mango e o Tendam (que detém, entre outras, a Cortefiel, a Springfield e a Women’secret) produzem hoje menos peças de vestuário do que em 2019, mas faturam 2% e 13,2% mais, respetivamente. Já a Inditex continuou a aumentar a produção em toneladas, mas menos do que dilatou as vendas.
Segundo a Moda.es, o grupo Inditex deixou de fornecer, há vários anos, as unidades de peças de vestuário que coloca no mercado, disponibilizando apenas o peso. Em 2019, a dona da Zara colocou nas lojas 545.036 toneladas de roupa, o que gerou um volume de negócios de 28,27 mil milhões de euros. Três anos depois, o grupo fatura mais 15,1%, mas o aumento em peso foi inferior, com mais 14% de peças de vestuário, para um total de 621.244 toneladas, consequência do seu modelo de produção local, que lhe permite ajustar ao máximo a produção.
A Inditex está, por isso, a ganhar mais 528 euros por cada tonelada de roupa que coloca no mercado, passando de 51.897 euros por tonelada em 2019 para 52.425 euros em 2022.
Produção em queda
No caso da Mango, a mudança é mais visível, com o valor por unidade a passar de 15 euros em 2019 para 17,3 euros no ano passado.
Em 2019, a Mango faturou 2,37 mil milhões de euros e produziu cerca de 158,33 milhões de peças de vestuário, um número que baixou para 155,16 milhões de peças produzidas em 2022, ano em que a empresa faturou cerca de 2,69 mil milhões de euros, ou seja, a Mango faturou mais 13,2% do que em 2019 com uma redução de 2% na produção.
A Moda.es sustenta que «parte desta dissociação entre crescimento e aumento da produção deve-se à inflação. Em 2022, os preços do vestuário e do calçado aumentaram 1,8% em Espanha, 2,9% nos EUA e 2,9% na União Europeia», sendo que todos os grandes grupos de moda aumentaram os preços no ano passado, embora a maioria não tenha dado um valor específico. «Seja qual for a razão, estes dados colocam as empresas espanholas numa boa posição face ao desafio da transformação sustentável. Dissociar a produção do crescimento é uma condição sine qua non para avançar na sustentabilidade do sector», resume a Moda.es.