Inditex com lucro de gigante

A Inditex fechou 2016 com um lucro de 3,6 mil milhões de euros, representando uma subida de 10% face aos resultados de 2015. Resultados que têm um contributo português, já que o grupo espanhol de retalho compra anualmente cerca de 1.500 milhões de euros a fornecedores do nosso país.

Na apresentação dos resultados, Pablo Isla, presidente da Inditex, destacou o papel de Portugal na evolução do grupo espanhol. De acordo com a Lusa, Isla afirmou que «Portugal é absolutamente essencial naquilo que é a essência do nosso modelo de negócio», citando a «qualidade, rapidez e flexibilidade» dos 171 fornecedores com quem trabalha em Portugal, num total de 887 fábricas associadas. No total, o grupo espanhol compra «cerca de 1.500 milhões de euros» por ano a fornecedores portugueses.

O presidente da Inditex destacou ainda a importância do mercado português no que diz respeito aos conceitos de loja e às vendas e lembrou que a primeira loja da Inditex fora de Espanha abriu no Porto, na Rua de Santa Catarina, em 1988 e «ainda está em funcionamento». No final de 2016, o grupo Inditex contava 337 lojas em Portugal, divididas entre as insígnias Zara (67 lojas), Zara Kids (16), Pull & Bear (53), Massimo Dutti (41), Bershka (50), Stradivarius (44), Oysho (34), Zara Home (26) e Uterque (6).

A maior retalhista de vestuário do mundo registou um salto de 10% no lucro líquido anual, para 3,16 mil milhões de euros, segundo indica a informação enviada esta semana à CNMV (Comissão Nacional do Mercado de Valores espanhola) e apresentada por Pablo Isla aos analistas, com o forte crescimento nos mercados emergentes e o aumento da presença online a sobreporem-se aos efeitos cambiais negativos.

No total, as vendas atingiram 23,3 mil milhões de euros, representando um crescimento de 10% em termos comparáveis e de 12% no total, uma performance que o diretor financeiro Ignacio Fernández considerou «muito satisfatória».

As vendas nas primeiras seis semanas do novo ano financeiro, contudo, diminuíram ligeiramente depois de um período de crescimento excecional, durante o qual a empresa mudou para lojas maiores em localizações de primeira linha. As vendas a taxas de câmbio constantes cresceram 13% nas primeiras seis semanas do novo exercício, com os clientes ávidos pelos artigos da coleção da Zara dedicada à primavera 2017. Em contraste, a retalhista arquirrival H&M divulgou ontem, quarta-feira, uma queda de 1% nas vendas em fevereiro (ver Zara e H&M: dupla de elite), ficando por isso aquém das expectativas dos analistas de um crescimento na ordem dos 6%.

O grupo Inditex, conhecido por responder rapidamente às tendências e às condições meteorológicas, graças a uma produção de proximidade, registou um lucro líquido de 3,16 mil milhões de euros no exercício terminado em janeiro, em linha com as expectativas dos analistas. As vendas por marca também cresceram, na maioria a dois dígitos: Zara (15.394 milhões de euros, +13%), Pull&Bear (1.566, +10%), Massimo Dutti (1.630, +9%), Bershka (2.012, +7%), Stradivarius (1.343, +4%), Oysho (509, +13%), Zara Home (774, +16%), Uterqüe (83, + 10%). Não obstante, os efeitos cambiais negativos roubaram 3% do crescimento das vendas anuais, segundo a empresa.

A Inditex divulga os seus relatórios em euros, mas faz mais de metade das vendas noutras moedas, o que significa que as quedas de moedas como o peso mexicano ou o rublo russo em relação ao euro afetam o lucro e a margem da empresa. A margem bruta situou-se nos 57% no exercício financeiro de 2016, contra 57,8% em 2015. No entanto, os analistas antecipam efeitos cambiais a favor do grupo Inditex nos próximos 12 meses, com o consequente aumento das margens de lucro.

No ano passado, o grupo de Amâncio Ortega abriu 279 novas lojas em 56 mercados, elevando a sua presença global para um total de 93 geografias nos cinco continentes e 7.292 lojas.

Em particular, o grupo entrou em cinco mercados novos – Nova Zelândia, Vietname, Paraguai, Aruba e Nicarágua – e expandiu o seu portal de comércio eletrónico a um total de 20 países.

A retalhista espanhola «vê grandes oportunidades de crescimento» para 2017 nos diferentes mercados, incluindo na Europa, como realçou Pablo Isla, antecipando a continuação da expansão mundial. «Estamos numa posição única, já que temos uma plataforma global que integra completamente lojas e online como a melhor forma de responder às exigências dos nossos clientes», afirmou Pablo Isla. «2017 vai ser mais um ano de forte expansão para Inditex», adiantou.