Apesar do curto espaço de tempo decorrido, é já possível concluir que as importações da União Eurpoeia (UE) provenientes da China poderão aumentar de forma alarmante: em Janeiro deste ano, os pedidos de licenças de importação de produtos têxteis chineses no mercado da União Europeia, em nove categorias sensíveis para Portugal (448,5 milhões de euros), atingiram o triplo das importações reais verificadas no mesmo mês de 2004, cifrado em 150,8 milhões de euros (ver notícia no PT).
De acordo com o divulgado pelo Diário Económico (DE), a informação actualizada em 22 de Fevereiro dá conta de um agravamento contínuo da situação: as licenças respeitantes a essas nove categorias atingiam já um valor superior em 3,8 vezes às importações de Janeiro e Fevereiro de 2004. Os respectivos preços médios caíram 24%. Acumulam-se assim os fundamentos para que a União Europeia abandone as suas reticências em accionar medidas que protejam não só a sua própria produção, mas também a de muitos países em vias de desenvolvimento, alguns dos quais correm o risco de serem pura e simplesmente excluídos dos mercados europeus. De acordo com o DE, o representante da AEP no Comité Económico e Social da União Europeia está atento a esta situação e está já a actuar para que este órgão comunitário emita com carácter de urgência um parecer de iniciativa dirigido à Comissão Europeia, para que accione medidas de salvaguarda, mesmo que tais medidas possam prejudicar algumas empresas europeias com fortes interesses no mercado chinês. No entanto, de acordo com o divulgado pela Lusa, o novo comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, disse em Pequim, que a China tem «responsabilidade» em «moderar» o crescimento das exportações têxteis chinesas, no novo cenário de liberalização do mercado. «A China tem de moderar o crescimento das suas exportações têxteis», referiu aos jornalistas Peter Mandelson, no primeiro dia de visita à China, a primeira desde que tomou posse. O comissário europeu defende que a China deve agir para evitar respostas retaliadoras da parte dos parceiros europeus face a um aumento brusco das exportações chinesas, com o fim das quotas para os têxteis e vestuário, desde 1 de Janeiro passado. «Se o aumento se tornar destabilizador, irá provocar reacções (entre os Estados Membros) e a Europa será obrigada a reagir. Eu não quero ver isso a acontecer e com certeza que não quero voltar a um sistema de quotas«, assinalou. «Mas temos de gerir estas mudanças de uma forma sensível e a China tem uma responsabilidade em ajudar-nos a fazer isso», afirmou o comissário britânico, após uma intervenção na Universidade de Economia e Comércio Internacional. Estados membros da UE, como Portugal, têm pressionado os respectivos governos e Bruxelas para que sejam tomadas medidas de salvaguarda contra a «invasão» das exportações têxteis chinesas. A Comissão Europeia voltou a afirmar que só em «último recurso» adoptará medidas de salvaguarda contra os produtos têxteis e vestuário de origem chinesa. A China é a maior fornecedora de produtos têxteis do mercado europeu, com uma quota de mercado de 17% das importações neste sector em 2003.