Impetus empenhada na indústria 4.0

Destacada na mais recente edição dos Prémios de Excelência Empresarial do CENIT na categoria Indústria 4.0, a Impetus tem implementado o conceito na sua atividade, que abrange diversas estruturas, da produção de malha aos acabamentos e confeção.

Tércio Pinto

Esta é uma área que tem assumido uma importância crescente para a Impetus, que, no entanto, vê no todo a mais-valia da Indústria 4.0. «O que sentimos é que tem de ser de uma ponta à outra da fábrica, porque o conceito 4.0 é a digitalização dos processos, para os dados poderem ser tratados e transferidos para clientes ou outras partes da cadeia de valor, e que haja uma integração», explica Tércio Pinto, administrador da empresa.

Apesar dos investimentos realizados neste sentido, «o 4.0 ainda é um grande desafio, porque a forma de trabalhar é diferente, a cultura tem de mudar, mas integrar com quem trabalhamos é extremamente difícil, porque há um gap e o mercado tem de seguir esse gap», considera.

[©Impetus]
Uma restrição que o administrador da Impetus acredita que pode ser superada com o apoio de entidades adjacentes à indústria. «Acho que deve ser função das associações ou de outro tipo de operadores promover que a indústria possa ir para o 4.0, porque a grande vantagem é integrar. Os principais mercados são mercados que têm uma integração digital forte e, para nós e para qualquer empresa têxtil, isso era importante», afirma ao Jornal Têxtil.

A Impetus tem procurado destacar-se com «um esforço contínuo na digitalização dos processos, na forma como comunicamos, como integramos, e estamos a preparar-nos cada vez mais em poder passar esses dados digitalizados e integrados para os nossos clientes e fornecedores», sublinha.

Da criação à produção

Neste âmbito, a empresa está atualmente a trabalhar em diferentes iniciativas nas várias empresas do grupo. «A parte da digitalização da peça e da sua criação desde o primeiro momento numa tecnologia 3D é algo que está a ser alvo de atenção e investimento por parte da Impetus e, obviamente, a sua integração com a Acatel [a empresa de acabamentos do grupo], porque não se consegue fazer um estampado ou um tingimento sem estar integrado com o acabador», aponta Tércio Pinto.

[©Impetus]
Na estratégia do grupo, de resto, a cadeia de valor «tem de ser transparente e capaz de fornecer dados, porque o consumidor final e as marcas pretendem isso», garante o administrador. É nesse sentido que a Impetus está a implementar diversos projetos, como a tecnologia FibreTrace – que embebe pigmentos luminescentes que podem ser lidos ao longo de toda a cadeia produtiva até chegarem ao consumidor, assegurando a rastreabilidade dos produtos – e a utilização do Good Earth Cotton, um algodão carbono positivo que, no seu website, se apresenta como “o algodão mais ético da Terra”. «Vamos ter, já em 2022, muitos dos nossos produtos rastreados de origem», anuncia Tércio Pinto.

A importância dos dados

Depois de um ano de 2020 que o administrador da Impetus classifica como «bom», 2021 «não está a ser um mau ano», embora os resultados estejam a ser afetados por condicionantes externas. «Estamos a sofrer com os impactos da subida das matérias-primas e dos custos energéticos, que são muito fortes e têm, obviamente, impacto na rentabilidade do negócio. Mas as perspetivas são boas», indica.

Quanto ao próximo ano, «temos de partir com otimismo e tentar fazer a nossa parte, mas achamos que vai ser um ano difícil, porque este impacto na cadeia de valor é forte. O custo das matérias-primas subiu a valores impossíveis, vê-se o que está a acontecer com a inflação nos países e isso vai afetar o consumidor. Também é preciso aprender a gerir estes custos energéticos e os custos logísticos, que levaram os preços a um nível muito elevado. Isso é uma grande preocupação que temos: temos de ser mais produtivos e mais eficientes. Esse é o objetivo. Mas temos boas perspetivas», reforça o administrador.

Um objetivo que passa pelos dados, num regresso aos princípios da Indústria 4.0. «Temos todos de aprender a acumular dados. Como eu vou medir o meu consumo e como o meu vizinho vai medir tem de ser igual, senão não podem ser comparados. Portanto, a indústria 4.0, neste caso, também tocando um pouco na área da eficiência e da sustentabilidade, é outro dos grandes desafios. E é um desafio bastante difícil, seja para que empresa for, porque há falta de métricas», reconhece Tércio Pinto.

Procurando ser pioneira também nesta área, «estamos a fazer estudos internos, a tentar perceber e a trabalhar os nossos dados para que possamos comunicá-los de forma consistente ao mercado», resume Tércio Pinto.