hora dos collants!

Neste outono, Elisa Dahan está a preferir uma silhueta muito feminina, incluindo vestidos justos de Phillip Lim e saias lápis D&G, todos usados com um novo acessório favorito: os collants. «De repente temos pernas sem defeitos sem ter de fazer nada», afirma Dahan, de Montreal, com 33 anos, mãe de duas crianças e co-designer da Mackage, uma marca de outerwear chic na baixa da cidade. Não há muito tempo, as mulheres americanas não suportavam usar collants. Nos anos 90, com os códigos de vestuário no escritório a tornarem-se mais casuais e o power suit a passar a ser coisa do passado, muitas mulheres abandonaram definitivamente os collants. Uma certa classe de socialites de Manhattan ficou conhecida por se aventurar, mesmo nas noites mais geladas de Nova Iorque, com as pernas ao léu. Mais tarde começaram a confiar em produtos como Spanx para aperfeiçoarem as formas e em loções autobronzeadoras para esconder pequenos defeitos. «Para muitas mulheres, não usar collants era parte de uma rebelião maior contra o vestuário formal e uma celebração da sua liberdade», explica Laurie Ann Goldman, diretora-executiva da Spanx. Mas numa estação em que o foco da moda está sobre as pernas, os collants estão a encontrar uma nova geração de fãs que não veem as meias como um mal necessário tornado obrigatório pelos códigos de vestuário dos escritórios e sociais, mas como uma escolha de estilo livre com poderes cosméticos há muito escondidos. Goldman revela que a Spanx registou um crescimento superior a 50% no seu negócio de moda nos últimos dois anos. E segundo Marshal Cohen, diretor de análise da indústria no NPD Group, uma empresa de pesquisa de mercado, as vendas de collants cresceram 10% em 2011, dos 900 milhões de dólares (cerca de 690 milhões de euros) para mil milhões de dólares, e estão no caminho de registar ganhos semelhantes em 2012. Cohen atribui o aumento à relativa acessibilidade das meias em comparação com outros acessórios e com a continuada importância do vestido como tendência de moda. E, afirma que, tendo em conta as atuais dificuldades no mercado de trabalho, «as mulheres estão a vestir-se mais a pensar no sucesso». Estão a seguir, talvez, o que veem nas celebridades. Desde que se tornou Catherine, Duquesa de Cambridge, a jovem raramente foi vista numa saia sem meias (o protocolo do palácio dita que ela não deve aparecer em público com as pernas sem meias), enquanto Rihanna (uma mulher que não é afetada por este tipo de protocolo) recentemente mostrou inadvertidamente a parte de cima dos collants tom da pele à saída de um carro. Lady Gaga também já mostrou os seus collants. Mas «há muitas estrelas a usá-los e muitas vezes não se sabe porque são muito bem escolhidos – é um dos segredos mais bem guardados de Hollywood», assegura Mary Alice Stephenson, stylist e comentadora de moda que revela usar collants para eventos formais ou quando pensa que pode ser fotografada numa saia curta. As estrelas estão também a «duplicar» as meias, tal como muitas celebridades (mais recentemente a cantora Adele) admitem fazer com Spanx, para o mesmo efeito de firmeza e parecer mais magra. Beyoncé Knowles, por exemplo, usa frequentemente dois pares de collants – por exemplo uns tons de pele e outros tipo rede – quando está a atuar, desvenda Heather Thomson, que ajudou a vestir a cantora para aparições públicas enquanto diretora criativa da House of Deréon antes de fundar a empresa de shapewear Yummie Tummie e aparecer no elenco do programa de televisão “Real Housewives of New York City”. «As meias dão-lhe a confiança que precisa para ir para o palco», acrescenta Thomson, indicando que a Yummie Tummie irá lançar a sua própria linha de collants (com preços de 32 a 79 dólares o par) no próximo ano. Os collants de hoje têm poucas semelhanças aos da era “working girl” – a começar pelos preços. A Pretty Polly, uma marca britânica que se expandiu para os EUA no verão de 2011, tem um bom negócio a vender collants com desenho de ligas (a atriz Selena Gomez e a cantora Jessie J são fãs, segundo a empresa) com preços entre os 25 e os 34 dólares. A Wolford, uma marca de gama alta com sede na Áustria, está a oferecer collants nude com riscas em preto tipo “Fifty Shades of Grey” (160 dólares). Fios mais suaves, novas técnicas de tricotagem (pontos mais abertos e acabamentos sem costuras) e outras inovações (como hidratantes microencapsulados) fizeram com que usar um par de collants se tornasse uma experiência mais agradável, acreditam as empresas. «Não são meias desconfortáveis, tipo torniquete, que as mulheres mal podiam esperar para tirar», sublinha Cathy Volker, vice-presidente executiva de licenças mundiais da Donna Karan, que em setembro começou a vender a primeira nova linha de collants que a empresa introduz no mercado nos últimos 10 anos. Batizada Evolution, a linha (a 28 dólares o par) apresenta compressão graduada, significando que a pressão na perna é maior no tornozelo e nos gémeos e diminui na parte de cima para facilitar a circulação sanguínea. É neste tipo de collants que a hair colorist Sharon Dorram confia para manter as pernas energizadas e evitar as temidas varizes devido aos longos dias de pé. «Tornaram-se parte do meu guarda-roupa», afirma Dorram, acrescentando que combina as suas meias de compressão com vestidos em seda Soledad Rwombly e cardigans Lanvin. «Sinto-me mais composta», explica em relação a usar collants.