O apelo do gigante sueco foi feito durante uma reunião entre o presidente da H&M, Karl-Johan Persson, e o primeiro-ministro do Bangladesh, Sheikh Hasina. «Temos recomendado ao governo aumentar o salário mínimo dos trabalhadores de vestuário, para cobrir o seu custo de vida. Não apresentámos ao Governo qualquer valor específico a este respeito», indicou Persson. O responsável referiu ainda que o aumento do salário mínimo ajudaria a criar mais postos de trabalho no Bangladesh. «Na medida em que o comércio externo desempenha um papel importante no desenvolvimento dos países, como fonte de crescimento económico, acreditamos ser do interesse da indústria têxtil do Bangladesh, bem como do nosso interesse, que o sector continue a desenvolver-se e a amadurecer», explicou Persson. «Mercados estáveis em que as pessoas são tratadas com respeito e onde os trabalhadores são devidamente compensados pelos seus empregadores, são de extrema importância», acrescentou. A H&M quer que o governo do Bangladesh considere uma revisão anual de salários mínimos locais, que leve em consideração a inflação nacional e o índice de preços ao consumidor. Desde que o salário mínimo para os trabalhadores têxteis foi definido em 1994, foi apenas revisto duas vezes: em 2006 e 2010, quando o pagamento mensal para um trabalhador de nível inicial foi aumentado de 1.662 takas (20,3 dólares) para 3.000 takas (36,7 dólares). Desde 2010 tem havido um acentuar na taxa de inflação, com os trabalhadores a afirmarem que precisam de pelo menos 30% de aumento para acompanhar o ritmo da subida dos preços. A inflação do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), caiu ligeiramente no mês de julho por causa de uma diminuição no preço dos alimentos. De acordo com as estatísticas do governo, a taxa de inflação anual desacelerou para 8,03% em agosto, dos 8,56% registados em junho. No entanto, os dados do Banco Mundial mostram que a taxa de inflação anual situou-se nos 8,1% em 2010, mas subiu para 10,7% em 2011. A H&M acredita que, se for criado e executado um sistema de avaliação adequado, as revisões salariais irão ajudar a resolver as necessidades básicas dos trabalhadores e trazer maior estabilidade ao mercado. Em meados de junho, os protestos e a violência dos trabalhadores de vestuário no Bangladesh levaram ao encerramento de 300 fábricas durante uma semana. A H&M utiliza fornecedores do Bangladesh desde 1982 e abriu um escritório em Dhaka, em 1983, mas salienta que não possui quaisquer fábricas ou toma decisões sobre os salários. Persson revelou igualmente que a H&M está a aumentar a sua atividade no Bangladesh na ordem de 10% a 15% ao ano. Atualmente, a retalhista de moda aprovisiona vestuário em tecido e malha, roupa interior e calças em cerca de 250 fábricas no país. O grupo sueco possui cerca de 2.600 lojas em 44 mercados e, em 2011, gerou vendas de 19,2 mil milhões de dólares. Para além da sua linha epónima, o portefólio demarcas inclui a COS, Monki, Weekday e Cheap Monday. O sector de vestuário é a principal fonte de moeda estrangeira do Bangladesh, contribuindo com quase 80% de todas as receitas de exportação, que ascenderam a cerca de 19 mil milhões de dólares no ano passado. Aproximadamente 4 milhões de trabalhadores estão empregados neste sector de mão-de-obra intensiva, dos quais 80% são mulheres.